Após meses de expectativas e pressões, o Governo Dilma Rousseff (PT) começa a enfrentar de fato a possibilidade de sofrer processo de impeachment ou cassação do mandato. A indicação de rejeição das contas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), por unanimidade, foi uma das principais derrotas já sofridas e reforça coro de opositores pelo impedimento no Congresso Nacional. Para especialistas, Dilma tentará ganhar tempo até 2016 para reaproximar aliados.
O relatório do TCU foi entregue ontem ao Congresso, mas a expectativa é de que a análise se estenda até o próximo ano. A pressão, no entanto, não se restringe à decisão do TCU. Também pesa contra a presidente a posição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na última terça-feira, de abrir uma ação de investigação contra a chapa que elegeu Dilma e o vice, Michel Temer (PMDB).
Os revezes sofridos pelo Governo acontecem logo após a presidente fazer uma reforma ministerial para pacificar sua base aliada. A prorrogação da análise dos vetos de Dilma no Congresso por duas vezes na semana mostrou que a estratégia não foi eficiente.
“O cenário aparentemente é sem saída, mas o tempo conta a favor da presidente. Quanto mais demorar o processo de impeachment melhor”, afirma o cientista político da Universidade de Campinas, Valeriano Costa. Para ele, a questão do tempo tem pesado nas decisões tanto do governo como de opositores.
Dilma tenta ganhar tempo até o recesso parlamentar em dezembro para tentar reconstruir sua base de apoio para 2016, quando deve haver decisão da Câmara sobre a análise das contas. No caso do TSE, ainda que ele indique a cassação do mandato, a presidente pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). O desgaste de uma decisão negativa no TSE, no entanto, pressionaria pelo impeachment e poderia tornar insustentável a situação de Dilma, pondera Costa.
Para aprovar um pedido de impeachment, são necessários 2/3 dos deputados da Câmara. A estratégia da presidente, para especialistas, é garantir apoio de pouco mais de 1/3 para barrar a aprovação.
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