Cunha diz ainda considerar estranho que a imprensa tenha obtido os papéis "às vésperas" de uma eventual decisão dele sobre os pedidos de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT).
"É muito estranha essa aceleração de procedimentos às vésperas da divulgação de decisões sobre pedidos de abertura de processo de impeachment, procurando desqualificar eventuais decisões, seja de aceitação ou de rejeição, do presidente da Câmara", diz o texto, que contém pesadas críticas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. "Por várias vezes, desde o início desse processo, o presidente da Câmara tem alertado para a atuação política do PGR."
Na nota, Cunha reafirma que não possui contas no exterior e que não teria recebido dinheiro relacionado ao esquema de corrupção na Petrobras investigado pela operação Lava Jato.
Nesta sexta-feira, o "Jornal Hoje", da TV Globo, revelou papéis enviados por autoridades do governo da Suíça à PGR (Procuradoria Geral da República) com supostas cópias do passaporte, assinatura e dados pessoais do presidente de Cunha, que comprovariam que a existência das contas atribuídas ao deputado no país europeu.
De acordo com a reportagem, as contas de Cunha na Suíça receberam depósitos de pelo menos 4,8 milhões de francos suíços e US$ 1,3 milhão, equivalentes a R$ 23,8 milhões. Segundo a PGR, há indícios de que a origem dos recursos foi o pagamento de propina no esquema investigado pela operação Lava Jato.
Os documentos fazem parte do novo pedido de inquérito contra Cunha, sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz, e a filha do parlamentar, Danielle da Cunha, que foi encaminhado pela PGR e autorizado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na última quinta-feira (15).
Como presidente da Câmara, cabe ao deputado aceitar ou rejeitar os pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Cunha já decidiu pelo arquivamento de uma série de pedidos, mas ainda não se manifestou sobre o principal deles, assinado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Junior, e que conta com o apoio de partidos da oposição.
Esta semana, decisões do STF barraram o suposto acordo de bastidores segundo o qual a oposição recorreria à votação em plenário após Cunha arquivar o pedido. Com isso, a responsabilidade pela abertura ou não do processo ficou apenas com o presidente da Câmara.
Procurado pela reportagem do UOL, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou, por meio de sua assessoria, que não iria comentar as declarações de Cunha.
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