Diante de um quadro de inflação persistente, endividamento alto e de juros e dólar tornando outros investimentos mais atrativos, a caderneta de poupança registrou em março o pior desempenho da história. No mês, os saques superaram os depósitos em R$ 11,438 bilhões. Apenas no 1.º trimestre, as retiradas líquidas somaram R$ 23,230 bilhões. Os dados são do Banco Central (BC).
Parte das saídas se explica pela inflação elevada. Enquanto a poupança rendeu 1,6% no acumulado do 1.º trimestre, o indicador que mede o custo de vida bateu em 3,5% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15). Com esse desempenho da caderneta, quem aplicou dinheiro nela amargou perda real de 1,84%.
Tentando minimizar perdas, o brasileiro sacou recursos da poupança ou diminuiu o ritmo de depósitos. Em março, o saldo total da poupança ficou em R$ 650,290 bilhões, já incluindo os rendimentos do período, no valor de R$ 3,538 bilhões. Enquanto os depósitos do mês somaram R$ 159,660 bilhões, as retiradas foram de R$ 171,098 bilhões.
O BC começou a compilar as informações atuais em 1995. Até o dado conhecido ontem, o maior resgate líquido mensal da poupança havia sido em fevereiro passado, de R$ 6,236 bilhões. Os resgates R$ 11,438 bilhões maiores do que os depósitos no mês passado são superiores que algumas das cifras negativas já registradas em um ano inteiro. Em 1999, por exemplo, o volume de retiradas líquidas no acumulado do ano foi de R$ 8,769 bilhões. Em 2000, o resultado ficou negativo em R$ 7,541 bilhões.
Apenas a poupança rural apresentou saques R$ 2, 237 bilhões maiores que os depósitos em março. As aplicações somaram R$ 27,371 bilhões no mês enquanto os saques foram de R$ 29,608 bilhões. Com esse desempenho, o saldo total da poupança rural ficou em R$ 137,988 bilhões, já somando R$ 754,604 mil em rendimentos.
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