A Lei Complementar 135, conhecida como Lei Ficha Limpa, chega às
eleições municipais deste ano com uma "violência absurda", com muita
força, porque a sociedade está vigilante e os políticos que poderão ter o
registro de suas candidaturas impugnados, prefeitos, vice-prefeitos e
vereadores, não têm muita influência. A observação é do procurador da
República, Alessander Sales, ao proferir palestra, ontem, para
promotores de Justiça, durante o I Ciclo de Debates sobre Direito
Eleitoral, promovido pela Procuradoria Geral da Justiça e a Escola
Superior do Ministério Público estadual.
O ex-procurador regional
eleitoral, Alessander Sales, em sua palestra, priorizou aspectos
referentes a estratégias a serem adotadas para uma atuação mais
eficiente do Ministério Público Eleitoral e destacou alguns pontos
referentes a Lei da Ficha Limpa por entender que não há muito o que
debater ou esclarecer sobre as inelegibilidades decorrentes do que
consta na Constituição Federal e na Lei Complementar 64/90 (Lei das
Inelegibilidades) porque sobre estes há uma jurisprudência consolidada.
Sobre
a Lei Ficha Limpa Alessander Sales disse que o trabalho realizado em
2010 não foi perdido e como a lei não foi aplicada para aquele pleito
serviu como um teste. Agora, se o objetivo é aperfeiçoar a atuação do
Ministério Público o melhor seria trabalhar com as questões mais
relevantes.
Padronização
Nesse aspecto,
observou que na Lei Complementar 135 há questões que geram dúvidas e
sugeriu como uma estratégia importante um tratamento uniforme de
atuação. Esclareceu que não se trata de abandonar a independência
funcional, mas a padronização é importante porque a instituição sofre
muito quando não há uniformidade porque a sociedade não vai entender a
independência funcional e vai questionar por que uma candidatura foi
impugnada em um determinado município e, em situação semelhante, em
outro município não houve impugnação.
Ele também defendeu a
preservação da atuação do Ministério Público até o último grau de
jurisdição. Quanto às impugnações disse que mesmo quando existem
dúvidas, se houver motivo razoável a impugnação deve ser feita porque na
dúvida o Ministério Público deve agir em favor da sociedade.
Na
avaliação do procurador Alessander Sales a Lei Ficha Limpa parece
adequada para o momento político institucional que vivemos. Também lhe
parece satisfatória para iniciar novos parâmetros de escolha para a vida
pública. Apontou falhas mas acredita que serão aperfeiçoadas e
recomendou os promotores não partirem de uma interpretação mais branda,
senão o resultado final será pífio.
Promotores
O
procurador geral da Justiça, Ricardo Machado, lamentou não poder contar
com um quadro completo de promotores para cada zona eleitoral. Por
isso, solicitou o empenho de todos porque vai ser necessário um grande
esforço para serem supridas as carências existentes.
Ele informou
que apenas 23 zonas eleitorais não estão com promotores como titulares e
essa deficiência será suprida com alguns promotores respondendo por
zonas que estão vagas. Na véspera das eleições será feito um
deslocamento maior de promotores da Capital para o Interior a fim de que
em todos os municípios as eleições sejam acompanhadas por um promotor
de Justiça.
Enquanto não há o deslocamento, os serviços
eleitorais serão executados por promotores substitutos, com a facilidade
de preenchimento dos claros por promotores de cidades vizinhas.
DN
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