sábado, 19 de julho de 2025

Transnordestina começa a transportar grãos entre interior do Piauí e Iguatu em outubro

A ferrovia Transnordestina vai começar a transportar mercadorias entre o interior do Piauí e o Ceará a partir de outubro deste ano. Será o início da operação comercial da linha férrea, ainda em fase comissionada, isto é, em fase de testes.

A informação foi divulgada por Tufi Daher Filho, presidente da Transnordestina Logística S.A. (TLSA), empresa responsável pela construção da ferrovia, nesta sexta-feira (18), durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a um dos trechos concluídos da linha férrea, no município de Missão Velha, na região do Cariri cearense. 

"Em outubro ou novembro deste ano, quero que o senhor (Lula) volte aqui. Teremos eventos espetaculares: vamos trazer grãos lá do Piauí e descarregar em Iguatu. Assinei essa semana os contratos de superestrutura, trilhos e dormentes", disse Tufi.

Tufi explicou que, enquanto a obra estiver na fase de infraestrutura, ainda não haverá ferrovia propriamente dita. Segundo ele, a montagem dos lotes 4 e 5 deve começar em outubro, e a expectativa é de que não haja mais interrupções, com os trabalhos avançando em trechos de 100 em 100 quilômetros.

Qual é o status atual do financiamento da Transnordestina

A nova visita do presidente Lula ao canteiro de obras da ferrovia no Ceará teve, dentre outros objetivos, a entrega de R$ 1,4 bilhão para a TLSA. No último dia 10 de julho, foi autorizada a liberação de R$ 600 milhões, segunda parte do recurso previsto ainda para 2024, de R$ 1 bilhão.


O montante foi disponibilizado pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) via Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), do Banco do Nordeste (BNB).

As cifras desse fundo, repassadas para a TLSA, são administradas pela Sudene. Foi o primeiro R$ 1 bilhão dos R$ 3,6 bilhões adicionais financiados pela TLSA para construir a ferrovia em território cearense.

Os R$ 816,6 milhões restantes, entregues por Lula nesta sexta-feira, fazem parte do extinto Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor). A Sudene liberará o crédito via FDNE com a aquisição de debêntures da TLSA, sem relação com os R$ 3,6 bilhões que serão disponibilizados para a TLSA até 2027.

Ao todo, o Governo Federal já investiu R$ 8,2 bilhões na ferrovia, que tem um orçamento atual fixado em R$ 15 bilhões. São pouco mais de 1,2 mil km em um trajeto que, quando estiver completamente pronto, deve interligar Eliseu Martins (PI) ao Porto do Pecém, além de ser integrado à malha operacional da Ferrovia Transnordestina Logística (FTL), que conecta Fortaleza (CE) a São Luís (MA).

Como está o andamento das obras nos lotes da Transnordestina

Os lotes concentrados na região Sul do Ceará estão concluídos, incluindo a conexão de 96 km entre Missão Velha e Salgueiro (PE). Os trechos MVP 1 (Missão Velha - Lavras da Mangabeira), MVP 2 (Lavras da Mangabeira - Iguatu) e MVP 3 (Iguatu e Acopiara), todos com 50 km, estão concluídos.

As obras atualmente se concentram na preparação da infraestrutura nos lotes MVP 4, 5, 6 e 7 (Acopiara - Piquet Carneiro - Quixeramobim - Quixadá - Itapiúna) e 11 (Caucaia - Porto do Pecém), totalizando 280 km. O trecho MVP 8 (Itapiúna - Baturité) foi contratado em junho.

Esses 280 km em obras geram, segundo a TLSA e o Governo Federal, mais de 4 mil empregos diretos, com contratos assinados que superam a casa dos R$ 4 bilhões. Em média, cada trecho de 50 km da Transnordestina custa aproximadamente R$ 1 bilhão para ser executado.

O trajeto vai interligar o Terminal Intermodal de Cargas de Bela Vista do Piauí a Iguatu, passando pelo interior de Pernambuco. Soja e farelo, além de milho e calcário, são alguns dos principais produtos a serem transportados.

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