quinta-feira, 12 de maio de 2016

"Posso ter cometido erros, mas não cometi crimes", diz Dilma após afastamento

Em seu primeiro pronunciamento oficial após ser intimada da decisão do Senado sobre a abertura do processo de impeachment nesta quinta-feira (12), a presidente Dilma Rousseff afirmou que "cometeu erros, mas não cometeu crimes".

"Não existe injustiça mais devastadora do que condenar um inocente. Esta farsa jurídica da qual estou sendo alvo, é que nunca aceitei chantagem de qualquer natureza. Posso ter cometido erros, mas não cometi crimes. Estou sendo julgada por ter feito justamente tudo que a lei me autorizava fazer", disse em pronunciamento à imprensa.

Vestindo branco, Dilma lembrou de sua luta contra ditadura militar (1964-85) e do câncer contra qual lutou, em 2009, como ministra-chefe da Casa Civil.

"O destino sempre me reservou muitos desafios. Muitos e grandes desafios. Alguns pareceram a mim intransponíveis, mas eu consegui vencê-los. Eu já venci a dor indizível da tortura, a dor da doença. Agora, a dor inominável da injustiça. O que mais dói neste momento é a injustiça. É perceber que sou alvo de uma farsa politica e jurídica. Mas não esmoreço. Olho para trás e vejo tudo que fizemos. Olho para frente e vejo tudo que precisamos fazer."

A presidente afastada voltou a classificar o processo de golpe. "Fui eleita presidenta por 54 milhões de cidadãs e de cidadãos brasileiros. E é nesta condição, na condição de presidenta eleita pelos 54 milhões que me dirijo a vocês neste momento decisivo para a democracia brasileira e para nosso futuro como nação", discursou.

Sem citar o nome do presidente afasta da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que deu início ao processo de impeachment, Dilma voltou a dizer que não tem contas no exterior.

"Nunca recebi propinas. Não tenho contas no exterior. Jamais compactuei com a corrupção. Este processo é um processo frágil, juridicamente inconsistente, injusto, desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente. É a maior das brutalidades que se pode cometer contra um ser humano: puni-lo por um crime que não cometeu", acrescentou.

Ao longo do discurso, Dilma afirmou ainda ser alvo de "intensa e incessante sabotagem" dos partidos de oposição, sem citar nomes ou partidos específicos. Além disso, voltou a criticar o processo de impeachment, que classificou como "golpe".

"O objetivo evidente [da oposição desde 2014] tem sido me impedir de governar e forçar o ambiente propício ao golpe. Quando uma presidente eleita é cassada sob acusação de um crime que não cometeu, o nome que se dá a isso não é impeachment, é golpe", disse.

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