O posicionamento público dos líderes da oposição na Câmara cobrando o afastamento do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da Presidência da Câmara abriu uma crise entre os partidos que defendem o impeachment de Dilma Rousseff.
A iniciativa rachou a frente da oposição e se tornou alvo de críticas diversas. O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, dirigente do Solidariedade, disse aos colegas que a nota jogou "Cunha nos braços do governo". O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) ouviu de um colega do PT a mesma provocação.
O pedido de afastamento de Cunha também levantou questionamentos no DEM. "No meu partido também tivemos interpretações divergentes, mas temos que conviver com o debate interno", disse o líder do DEM, Mendonça Filho. Segundo ele, a oposição não pode servir para "blindar Cunha".
No PSDB a divergência sobre o modo como o líder do partido na Câmara, Carlos Sampaio (SP), lidou com o episódio se tornou pública. Dizem que ele foi inabilidoso e que acabou por "minar" a confiança que Cunha tinha na oposição. "No PSDB, Carlão é o Cristo", comentou um colega do tucano.
Sampaio defendeu a elaboração da nota em que a oposição pediu que Cunha deixasse o cargo. Agora, está apanhando tanto dos que preferiam que os partidos que trabalham pelo impeachment poupassem o peemedebista, como dos que pediam uma ação mais "incisiva" das oposições em defesa da ética.
Um exemplo do impasse foi a declaração dada pelo líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) nesta quarta. Segundo ele, Para Cunha Lima, o partido na Câmara "pecou por lentidão" ao, mesmo após divulgar nota em que pedia o afastamento do peemedebista, não ter desembarcado definitivamente do núcleo de apoio a Cunha.
"Era para ter reagido mais rapidamente mas ainda há tempo", disse o senador tucano. "O PSDB da Câmara está errando", completou. A fala foi uma referência às cobranças de que o PSDB defenda formalmente a abertura de um processo por quebra de decoro contra Cunha.
Procurado pela Folha, Sampaio disse que não entraria em polêmica com Cunha Lima, mas defendeu sua posição. "Quando havia apenas a suspeita, disse que era preciso dar o benefício da dúvida. Mas a evolução dos fatos mostrou que, o melhor, é que Cunha se afaste. Minha conduta foi consciente, jurídica e política", afirmou.
Ele disse, no entanto, que sua bancada não será "linha auxiliar do PSOL", partido que protagoniza a coleta de assinaturas pela abertura de processo contra Cunha no Conselho de Ética. "O PSOL é linha auxiliar do PT. Fiz uma aposta com eles: assinem o pedido de impeachment, que eu assino o pedido contra Cunha", finalizou.
Notícias Uol
Nenhum comentário:
Postar um comentário