O plenário da Câmara dos Deputados derrubou na noite desta quarta-feira (9) decisão do Senado que vedava o financiamento privado das campanhas políticas.
Com isso, a tendência é a da manutenção da possibilidade de as empresas doarem recursos para os partidos políticos, que ficarão com a tarefa de repassar os valores aos candidatos.
Tanto a Câmara quanto o Senado analisam nos últimos meses propostas de reforma política e eleitoral, com modificações na Constituição e nas leis ordinárias.
O que a Câmara está analisando na noite desta quarta é a parte da reforma que não precisa de alteração na Constituição. Essa ponto da reforma já havia sido aprovado pela Câmara, foi modificado posteriormente pelo Senado e, agora, volta para a palavra final dos deputados.
Após a conclusão, o projeto segue para a sanção ou veto da presidente Dilma Rousseff. Na noite desta quarta, estavam sendo votadas emendas ao texto.
Partidos de esquerda que defendem o financiamento exclusivamente público de campanha tentaram manter a decisão do Senado, mas a emenda encampada por eles foi derrotada por 285 votos a 180.
Apenas PT, PSB, PDT, PC do B, PPS, PV e PSOL votaram contra o financiamento privado. PMDB, PSDB, DEM, PSDB, PR, PTB, PP e demais partidos votaram a favor.
"Essa é uma medida moralizadora, meu voto é sim [à decisão do Senado]", discursou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). "Tirar o financiamento das empresas é estimular o caixa dois", rebateu o deputado Marcus Pestana (MG), que falou em nome da bancada do PSDB.
TEMPO DE CAMPANHA
Além da manutenção do financiamento privado dos políticos, o projeto reduz o atual tempo de campanha –de 90 para 45 dias–e de propaganda eleitoral na TV –de 45 para 35 dias. Fica proibido também o uso de trucagens e efeitos especiais nesses programas. O objetivo, segundo os congressistas, é diminuir o custo das campanhas.
O texto-base das modificações nas regras políticas e eleitorais foi aprovado de forma simbólica, ou seja, sem registro nominal dos votos. Poucos partidos, como o PC do B e o PT, manifestaram opinião contrária ao financiamento privado.
O tema também é objeto da parte da reforma que modifica a Constituição. Isso porque o Supremo Tribunal Federal formou maioria para proibir a doação por empresas, mas o julgamento foi suspenso. O Congresso quer, antes da conclusão do julgamento no STF, alterar a Constituição para permitir explicitamente a possibilidade do financiamento privado.
A Câmara também rejeitou outras propostas do Senado nesta quarta, entre elas a proibição do uso de cabos eleitorais e de carros de som nas campanhas.
Os deputados mantiveram as regras de coligação de partidos nas eleições para deputados e vereadores. O objetivo da mudança no Senado era acabar com as uniões meramente eleitoreiras.
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