
Na quarta e última pesquisa Datafolha para o governo do Ceará, publicada no dia 01 de outubro de 2014, a diferença entre os dois principais candidatos, que era de 7 pontos percentuais, caiu para apenas dois pontos. Essa queda na diferença mostra ainda outros fatores muito importantes na definição do resultado da disputa eleitoral no estado.
Mais uma vez, olhando-se apenas para os votos válidos, Eunício Oliveira (PMDB) caiu de 51% para 50%, ao passo que Camilo Santana (PT) saiu de 44% para 47%. Em números absolutos, considerando que o Ceará tem 6,2 milhões de eleitores aptos a votar, 21% dos quais brancos, nulos ou indecisos, os dois candidatos disputam hoje 4.898.000 votos. A partir desses números, vamos a alguns cálculos importantes.
Em 20 de setembro, Camilo tinha 2.155.120 votos, e Eunício recebia o apoio de 2.497.980 cearenses, uma diferença de 342.860 eleitores em favor do candidato do PMDB. Na pesquisa divulgada no dia 01 de outubro, Camilo Santana já aparecia com 2.302.060 votos (146.940 a mais do que em 20 de setembro), e Eunício Oliveira contava com 2.449.000 (tendo perdido 48.980).
Somando-se os votos perdidos por Eunício e os que foram conquistados por Camilo, a diferença entre os dois candidatos caiu 195.920 votos em 10 dias. Em outras palavras, nos dez dias que separam as duas últimas pesquisas a diferença entre os dois candidatos reduziu 19.592 votos/dia em favor de Camilo Santana.
Esses números mostram que Camilo cresceu 14.694 a cada dia, e Eunício perdeu 4.898/dia. Em termos percentuais, se se mantiver o mesmo ritmo, até o dia da eleição, o candidato do PT passará de 47% para 48,5%, enquanto o representante do PMDB terá 49,5%, uma diferença de 1%, a qual, em números absolutos, corresponde a 48.980 votos.
Camilo Santana apresentou mais fatores positivos na sua campanha. Saiu de meros 19% (14/08/14), foi a 31% (03/09/14), depois chegou a 34% (20/09/14) e atingiu 37% (01/10/14), indiscutivelmente uma trajetória de crescimento ininterrupto. Eunício Oliveira começou com 47% (14/08/14), desceu para 41% (03/09/14), estancou a tendência de queda na pesquisa seguinte, mantendo 41% (20/09/14), mas caiu na última pesquisa, quando apresentou ter 39% (01/10/14) das intenções de voto, ou seja, desde o início da campanha até o dia 30 de setembro, o candidato do PMDB só perdeu votos.
Finalmente dois pontos devem ser considerados como favoráveis a Camilo Santana. Primeiramente, melhorou em pontos em que estava perdendo, como entre os mais velhos. Depois, e mais importante ainda, cresceu fortemente no voto feminino.
Na pesquisa divulgada dia 20 de setembro, Camilo contava com 34% dos votos das mulheres. No dia 01 de outubro, já tinha a confiança de 39% desse mesmo público. Eunício, por sua vez, perdeu 1% entre eleitores do sexo feminino.
No dia 02/09/14, 13% das mulheres não sabiam em quem votar. No dia 01/10/14, esse número passou para 17%. Ou seja, todas as mulheres que mudaram o voto, escolheram Camilo Santana como seu candidato preferido. Se o número indecisas aumentou e, no dia 05/10/14, elas decidirem, como aconteceu agora, votar, todas, em Camilo Santana, este poderá ser eleito principalmente pelo voto feminino.
Não quero apostar em vitória de nenhum candidato com base em estrutura de campanha, ou porque este ou aquele conta com certos cabos eleitorais. Esse não deve ser o critério porque não conta com objetividade.
O que posso afirmar, como já o fiz em outra ocasião aqui neste mesmo espaço, é que, se continuar esse mesmo ritmo, Camilo Santana poderá ir para o segundo turno, e, em razão do voto feminino, ligeiramente à frente de Eunício Oliveira.
Alguém poderá ganhar no primeiro turno? Não sei. O fato é que, como escreveu o advogado e historiador Bruno Gonçalves Feitosa, com exceção da eleição de 2002, em que o então candidato Lúcio Alcântara não ganhou de primeiro por muito pouco (obteve 49,78% dos votos válidos), o Ceará sempre decidiu sua eleição de uma só vez, fato que poderá se repetir agora, com a vitória de qualquer dos dois candidatos, mas com tendência de que Camilo Santana seja o vitorioso.
Prof. Dr. Nabupolasar Alves Feitosa
Doutor em Ciências Sociais: Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
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