As manifestações de junho do ano passado tiveram uma presença maciça de adolescentes e jovens adultos. Contudo, o fenômeno, que poderia indicar uma maior conscientização política nesse segmento da população brasileira, não necessariamente resultou num incremento do eleitorado com 16 ou 17 anos, no pleito de 2014.
Os números divulgados no início do mês de agosto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que a mobilização juvenil dos últimos meses não se refletiu em um aumento na quantidade de eleitores adolescentes, na verdade, o que se deu foi o inverso, uma redução. Uma possível explicação para essa aparente contradição é que essa parcela da população, que tem o voto como um direito facultativo, pode estar escolhendo meios alternativos para expressar suas posições políticas e de reivindicar as pautas próprias da juventude.
Nas eleições de 2010, quase 2,4 milhões de votantes em todo o País, tinham 16 ou 17 anos. A população nessa faixa etária, à época daquele pleito, era de aproximadamente 6,8 milhões de pessoas. Neste ano, há praticamente o mesmo número de brasileiros com esse perfil de idade, mas o número de eleitores no mesmo segmento caiu para pouco mais de 1,6 milhão de pessoas. A queda é de quase 33%.
Essa redução é ainda maior se for observada a oscilação que aconteceu nas eleições municipais de 2012. Repetindo tendência dos últimos quatro pleitos, naquele ano houve um aumento no eleitorado adolescente. Cerca de 2,9 milhões de brasileiros com 16 ou 17 anos votaram, segundo o TSE. Ou seja, caso fossem comparados os números de 2014 com os de dois anos atrás, a queda seria de quase 44%.
Pegando apenas os dados do estado do Ceará, a redução também é expressiva: chega a 22% quando se comparam os números de 2010 e 2014 e a 38% na comparação entre os pleitos de 2012 e 2014. Neste ano, pouco mais de 130 mil cearenses com menos de 18 anos estão habilitados para votar.
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