Safra perdida. Essa é a realidade da agricultura cearense diante da
grave seca que atinge o Estado em 2012. Segundo último levantamento da
Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural do Ceará (Ematerce) -
realizado entre os dias 1º de janeiro e 25 de maio -, a safra agrícola
de sequeiro (cultura que depende da chuva) sofreu uma redução drástica
da produção se comparada às primeiras estimativas, quando ainda se
acreditava que iria chover normalmente.
Em todo o Estado, a colheita de mandioca e de grãos
(algodão, amendoim, arroz, feijão, girassol, mamona, milho e sorgo)
sofreu perda de 68,14% em relação ao que era esperado. Comparando com a
colheita de 2011, a redução foi ainda maior: 70,37%. De acordo com o
levantamento da Ematerce, a principal perda do que era estimado foi do
girassol, seguido pelo milho e pelo sorgo. O relatório aponta que a
redução gerou um prejuízo de quase R$ 1,5 bilhões.
Levando em conta a safra de todas as culturas (grãos e
mandioca), dos 182 municípios avaliados pela Ematerce, 162 sofrem
perdas maiores que 50%, dos quais 80 têm perdas acima de 80%. Dos outros
20 municípios cearenses, 15 registram perdas entre 30 e 50% e apenas
cinco contabilizam perdas menores que 30%. Se considerado apenas os
grãos, apenas três cidades sofrem perdas abaixo de 80% e 179 acima de
50%, dos quais 107 têm perdas maior que 80%.
Toda essa situação, segundo a Ematerce, é causada
pelos “baixíssimos índices pluviométricos, pela má distribuição das
chuvas e pela ocorrência de veranicos [períodos sem chuvas] prolongados”
na maioria dos municípios. Para o diretor técnico da Empresa, Walmir
Severo, essa é uma das piores secas que o Estado já viveu, pois “também
traz impacto para a pecuária”. “Não houve sequência de chuva que
garantisse o pasto. O gado, então, emagrece e é vendido com o preço lá
em baixo”, explica.
Chuvas de junho
Apesar de ainda não haver previsão, o diretor técnico
da Ematerce afirma que possíveis chuvas no mês de junho pode ser
favorável para a agricultura e pecuária, principalmente nos municípios
em que as perdas de safra foram menores que 30%, como Itapipoca e
Amontada. Mas esclarece: “a chuva nunca vai diminuir a perda. Pode
apenas manter no valor que ela está”. E completa: “caso não chova, as
perdas podem se agravar”.
Jangadeiro Online
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