quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Produtores iniciam colheita de algodão

Iguatu. Este Município, que já foi o maior produtor de algodão do Ceará por sucessivos anos nas décadas de 1960 e de 1970, mais uma vez dá o exemplo de que é possível produzir a cultura, denominada de "Ouro Branco", de sequeiro. Máquinas e homens trabalham na colheita de uma área de 500 hectares, no Sítio Minas, nas proximidades da Lagoa de Iguatu. Apesar da irregularidade das chuvas que neste ano provocou uma queda de 30% da safra estimada, os produtores estão animados com os resultados obtidos.

O cultivo de algodão transforma a paisagem do local. O branco se espalha na extensa área e desperta a atenção de quem passa na estrada de terra em direção à região do Baú. Para a geração mais jovem, a lavoura é motivo de surpresa e admiração. Para os agricultores que produziram e trabalharam nos campos de algodão, o sentimento é de saudade e de lembrança de uma época em que havia riqueza no campo e trabalho o ano inteiro.

Família

Este é o quarto ano seguido que os irmãos Erosimar e Francisco Rufino de Lima (Mazim) fazem o cultivo de algodão no Sítio Minas, nas proximidades da Lagoa de Iguatu. Os dois são oriundos do Município de Acopiara, onde dispõem de extensas áreas de terra e de indústria de beneficiamento de algodão. Para reduzir o custo de produção, os irmãos Rufino optaram pela mecanização do plantio e da colheita. O trabalho é facilitado graças às terras planas que a região de Iguatu dispõe.

Pouca chuva

O produtor, Virgílio Holanda, filho do Francisco Rufino, trabalha com o pai e o tio, na produção de algodão neste Município. "Este ano, faltou chuva no mês de maio e isso afetou a safra", disse Holanda. "O índice de pluviometria foi até bom, mas foi irregular". Os produtores esperavam uma produtividade média de 2.500 Kg por hectares, mas caiu para 1.500 Kg.

A colheita começou há uma semana e deve prosseguir até a primeira quinzena de setembro. "A mecanização permite um investimento mais baixo, reduzindo o custo de mão-de-obra", diz Holanda. Duas máquinas fazem o serviço, substituindo o trabalho de dezenas de operários.

Transgênica

Os produtores optaram pelo cultivo de uma semente de algodão transgênico, ´BTU´, liberada para cultivo no Brasil, resistente ao ataque da lagarta da folha, uma das principais pragas do algodoeiro, ao lado do bicudo e da lagarta da maça.

Para Virgílio Holanda, o preço foi o principal fator que desestimulou o cultivo de algodão no sertão cearense. "Se houver uma reação como estão prevendo, muitos podem voltar a plantar. No Cerrado, em Mato Grosso e Bahia, a cotonicultura foi ampliada e o cultivo é feito em larga escala, por grandes empresas". Atualmente, a arroba é comercializada por um preço entre R$ 16,00 e R$ 20,00.

O cultivo do algodão no sertão caracteriza-se por ser feito em áreas pequenas, produtores descapitalizados, plantio e colheita manual, baixo investimento tecnológico e irregularidade das chuvas. No cerrado, o plantio é feito em larga escala por grandes empresas, intenso uso de mecanização e maior regularidade de precipitações ao longo do ano. Holanda observa que mesmo diante das adversidades, o cearense que produz algodão é um herói. "Infelizmente, a maioria desistiu, abandonou as terras e o cultivo, mas eu acredito que apesar das dificuldades, dá certo. Estamos há quatro anos insistindo, tentando e já tivemos bons resultados nessa área". O trabalhador rural, Pedro Silva, lembra da época em que trabalhava nas roças de algodão. "Nunca faltou trabalho, no plantio e na colheita, mesmo quando o ano era fraco de chuva", disse. "Comecei a trabalhar com meu pai, aos 13 anos, na fazenda de Manoel Matias Costa. "Quando era para colher, toda a família trabalhava e a renda era maior".

Diário do Nordeste

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