O cordel, para o poeta popular Moreira de Acopiara, deixou de ser apenas um meio usado para despejar suas saudades da terra natal. Cearense radicado em Diadema, o cordelista vive momento produtivo graças ao grande interesse de educadores e pesquisadores sobre o gênero literário com o qual trabalha.Palestras em escolas, oficinas em casa de detenção e livros de cunho educacional são algumas das atividades que preenchem o dia a dia profissional de Acopiara. "A cada dia que passa, mais a responsabilidade aumenta", afirma o poeta.Sua mais recente publicação é Medo? Eu hem!, livro infanto-juvenil lançado na semana passada.
Na verdade começou com convite da Secretaria de Educação de Diadema, para que Acopiara transformasse lendas urbanas e folclóricas em poemas de cordel e os apresentasse a alunos da rede pública.A ideia, de início, não agradou o artista, mas ele topou fazer cinco poemas e encarar o desafio. "Gostei tanto do retorno das crianças que escrevi mais cinco e levei para a editora", conta.
O resultado é um livro com histórias que misturam horror e humor. Tudo na métrica ritmada do cordel.A obra - que sai pela editora Duna Dueto e é encontrada em livrarias por R$ 20 - tem ilustrações de Michelle Behar, guatemalteca naturalizada brasileira. São desenhos digitais que imitam o estilo da xilogravura.Social e educação - Os trabalhos atuais de Moreira de Acopiara pendem para o social e educacional. "O cordel tem sido estudado em escolas e faculdades e isso me ajuda a atravessar esse bom momento como autor", diz.Seu livro anterior, Cordel em Arte e Versos (2008), está na terceira edição com venda considerável desde que foi classificado como "altamente recomendável" pela FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil).
Outra obra foi encomendada para integrar a Cesta Básica da Cultura e do Conhecimento, em Brasília. "O livro chega na casa da pessoa junto com a cesta de alimentos", explica o poeta. Leva o título Atitudes que Constroem e versa sobre temas como fé, amizade, solidariedade, caráter e humildade.Em Diadema, Acopiara foi contratado para fazer série de oficinas para internos da Casa de Detenção. "A gente não faz ninguém poeta. Passamos a história do cordel e damos noções de metrificação, rima e alguns macetes", conta.Aos 48 anos, o ex-garçom e ex-frentista Acopiara vive exclusivamente do cordel há 12. Em 2005 foi eleito para a ABLC (Academia Brasileira de Literatura de Cordel).
O seu cabelo é tão loiro
Que parece ter verniz.
Usa roupas brancas, tem
Na boca uma cicatriz,
Tem os olhos de aflição
E chumaços de algodão
Tapando boca e nariz
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