terça-feira, 13 de maio de 2008

120 Anos da Lei Áurea

A fotografia mostra os escravos fazendo a secagem do café em uma fazendo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Era o ano de 1867. Do mesmo período, são os cartões postais de poses de escravos em um estúdio. Os trabalhadores negros eram uma curiosidade para os estrangeiros. Afinal o Brasil foi o último país do mundo a libertar os escravos. “Cristiano Júnior, um português que veio para o Brasil, fez essas fotos no estúdio. Ele levava os escravos para lá. Era sob encomenda. Então ele fazia várias fotografias para se levar para o exterior para ver a grande curiosidade, o exótico do Brasil, que seria o negro”, destaca a arquivista Fátima Argon. O historiador Maurício Ferreira conheceu o bisavô, que era filho de escravos e ainda fica chocado quando vê no museu imperial os instrumentos de castigo, como o vira-mundo, que prendia os pulsos e os tornozelos, e a gargalheira, que marcava os escavos fujões. Maurício ouviu do bisavô as histórias daquele tempo em que os negros eram considerados patrimônio do homem branco. “A escravidão retira a humanidade das pessoas. Os escravos eram considerados bens semoventes, quer dizer, bens que se movem, como uma galinha, um pato, um marreco, uma vaca. Então isso é muito forte”, comentou ele. O processo de emancipação dos escravos no Brasil foi gradual. Começou em 1851, com o fim do tráfico internacional de escravos, e terminou em 1888, com a assinatura da Lei Áurea, pela Princesa Isabel. A pena com que foi assinada a lei era de ouro e está em exposição no Museu Imperial de Petrópolis e é uma das peças mais importantes do acervo. Cravejada com 27 diamantes e 25 pedras vermelhas, ela hoje é um símbolo de liberdade. A Princesa Isabel e o pai, Dom Pedro II, trocavam cartas quando ele estava em viagem. Os dois partilhavam o desejo de emancipar os escravos. “A Câmera Municipal libertou, pelo Livro de Ouro, 62 escravos. Já dei a idéia de uma festa importante nesse sentido para a sua chegada. Quem dera que todos fossem seguindo o exemplo dos fazendeiros de São Paulo”, leu a arquivista. “Vale pensar e refletir sobre o significado desse sofrimento, dessa mancha na história do Brasil. Ou seja, que Brasil nós queremos para o futuro, como iremos tratar os nossos colegas, os nossos irmãos, nosso compatriotas”, concluiu o historiador.

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