terça-feira, 18 de novembro de 2025

PF prende Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, no aeroporto de Guarulhos

A Polícia Federal prendeu na segunda-feira (17) Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, no aeroporto de Guarulhos. Ele estava tentando fugir do país em um avião particular para Malta.

Ele foi alvo de uma operação que mira a venda de títulos de crédito falsos. A instituição emitia CDBs com a promessa de pagar ao cliente até 40% acima da taxa básica do mercado. No entanto, esse retorno era irreal.

O CDB (Certificado de Depósito Bancário) é um investimento de renda fixa onde você empresta dinheiro para um banco e, em troca, recebe juros sobre o valor investido. Ele funciona com rentabilidade pré-fixada (taxa definida no momento da aplicação) ou pós-fixada (atrelada a um indicador como o CDI).

Após ser preso, Vorcaro foi levado para a Superintendência da PF em São Paulo. Procuradas pela reportagem, a defesa dele e a assessoria do banco ainda não se manifestaram.

A prisão aconteceu horas após o consórcio liderado pelo grupo de investimento Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Banco Master— e pouco mais de um mês após o Banco Central ter rejeitado a aquisição pelo BRB (Banco de Brasília).

Na manhã desta terça, no entanto, o BC emitiu um comunicado decretando a liquidação extrajudicial do Master e a indisponibilidade dos bens dos controladores e dos ex-administradores da instituição. Com isso, qualquer negociação de compra em andamento é automaticamente interrompida.

O negócio com o grupo Fictor teria a participação de investidores dos Emirados Árabes Unidos e previa um aporte imediato de R$ 3 bilhões para reforçar o caixa do Master, que passa por dificuldades financeiras. A compra ainda precisaria da aprovação do Banco Central do Brasil e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade.

A PF tinha uma operação prevista para esta terça, mas a prisão de Vorcaro foi antecipada diante da possibilidade de fuga dele.

Segundo investigadores, Vorcaro estava no banco na segunda-feira à tarde. Depois que saiu o comunicado da venda, ele pegou um helicóptero e foi para o aeroporto de Guarulhos.

Ele seguiu direto do terminal da aviação executiva pra pegar um avião particular com destino a Malta. Para a PF, não há dúvidas de que ele estava em fuga - não porque soubesse da operação desta terça, mas porque queria estar longe depois que a notícia da venda do Master fosse tornada pública.

No total, a operação Compliance Zero cumpriu seis dos sete mandados de prisão. Também havia 25 mandados de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.

O objetivo é combater a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional.

As investigações tiveram início em 2024, após requisição do Ministério Público Federal, para investigar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira.

Esses títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada.

São investigados os crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa, entre outros.

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