O senador Cid Gomes (PSB) surpreendeu, na noite desta quarta-feira (16), ao defender de forma tão incisiva a inocência do deputado federal Júnior Mano (PSB) nas investigações por supostos desvios de emendas na relação com as prefeituras do Ceará.
Cid diz que leu o (que vazou do) processo sigiloso do parlamentar e não encontrou elo entre os crimes apontados e a participação do deputado.
Pediu, inclusive, que mostrassem a ele as ilegalidades apontadas pela Polícia Federal e acatadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "A minha intuição diz que o Júnior Mano é uma pessoa do bem", reforça.
A Operação da PF fez buscas e apreensões levantando novos elementos para o curso das apurações. Além dos novos arquivos apreendidos pelos investigadores – o que pode render mais episódios –, o processo corre em sigilo. É no mínimo arriscado cravar qualquer conclusão antes do tempo.
A efusividade em defender Júnior Mano – sem que o deputado sequer tenha se manifestado em defesa própria publicamente – chama atenção pelo histórico da relação do senador com aliados próximos. Não se viu, desde que se tornou governador em 2007, uma fala tão contundente em defesa de um aliado como agora. E um aliado recente, pelo que se sabe.
Enquanto respondia perguntas, durante coletiva na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Cid chegou a tentar "pautar" a imprensa ao pedir que os jornalistas fizessem o cruzamento de dados de repasse de emendas a prefeituras e o número de votos recebidos pelo deputado. Como se a relação fosse suficiente para garantir a lisura nas transações.
Ao chamar a coletiva para defender um aliado, que é apontado pela Polícia Federal como o "operador ativo da engrenagem criminosa", o ex-governador arrisca o desgaste da imagem construída há muitos anos na vida pública a troco de uma incerteza plena.
O próprio Cid admite essa incerteza. "Eu não convivo com ele 24 horas por dia. Se errar, eu não tenho nenhum compromisso com os erros dele, nem de ninguém, de ninguém", disse.
No entanto, reforça a fé na correção do correligionário. "Até que se prove o contrário, ele é uma pessoa do bem", sentencia o senador.
Candidatura
O senador não apenas defendeu Júnior Mano, mas voltou a reforçar que não será candidato à reeleição. A declaração desagrada as falas do ministro Camilo Santana (PT) e do governador Elmano de Freitas (PT) que não escondem de ninguém o desejo de ter o aliado candidato à reeleição.
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