A derrubada do decreto presidencial com o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) não está apenas na dimensão do resultado matemático da votação, mas fica, principalmente, no significado do duro recado que os deputados federais e senadores enviaram ao presidente Lula que, em 2026, quer um novo mandato.
A derrota é amarga porque foi imposta pelos partidos que são aliados ao Governo e mostra, ao mesmo tempo, a nudez do Palácio do Planalto na relação com o Poder Legislativo. Os números da votação mostram, ainda, a fragilidade política e eleitoral do Governo e retratam, também, que a maioria dos congressistas não acredita na reeleição do presidente Lula.
RECADO E RECADO
O recado dos deputados e senadores não é somente com a demora na liberação dos recursos das emendas parlamentares, mas representa, também, um claro sinal de descontentamento com a articulação política do líder petista. Na Câmara, foram 383 votos contra 98 para derrubar o aumento do IOF.
Com essa votação, os deputados federais e senadores quiseram dizer muito mais: o entorno do presidente Lula está preocupado tão somente em turbinar as bases eleitorais para conquistar governos estaduais e cadeiras no Senado, enquanto, para quem exerce hoje o mandato e faz parte da base do governo, mas não tem interlocução direta com o Palácio do Planalto, o medo é ficar chupando manga ou entrar para o final da fila.
DISCURSO DE CONVENIÊNCIA
A derrubada do decreto que aumenta o IOF retrata ainda os discursos de conveniência, tanta da oposição quanto da situação: os congressistas – entre opositores e simpatizantes do governo, adotaram na ponta da língua o discurso de que os brasileiros não toleram mais aumento da carga tributária.
Uma verdade, que, assim, é usada para legitimar a derrubada do decreto. Há, porém, muitas outras razões: desde o atraso na liberação de recursos das emendas parlamentares à certeza de que, pelo cenário atual e pelo sentimento exposto nas pesquisas, o presidente Lula não ganha a reeleição em 2026.
Do outro lado, o discurso da chantagem, da emoção e da ameaça: o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que, com a derrubada do decreto, o governo federal terá de contingenciar cerca de R$ 12 bilhões no Orçamento ainda neste ano, afetando diretamente áreas sociais.
O discurso não colou e não atraiu, sequer, os deputados federais abrigados nos partidos que ocupam importantes ministérios e nos quais estão os chamados programas sociais que o líder do PT diz que serão atingidos pela falta do dinheiro que chegaria aos cofres da União a partir do aumento do IOF.
Nenhum comentário:
Postar um comentário