quinta-feira, 15 de maio de 2025

Ex-secretária da Saúde e ex-candidata a prefeita de Acopiara (CE) e mais nove pessoas são indiciadas por fraude, peculato e lavagem de dinheiro

A Polícia Civil do Ceará indiciou dez pessoas por envolvimento em um suposto esquema de fraude em contratos públicos, peculato e lavagem de dinheiro na Prefeitura de Acopiara. Entre os indiciados está a ex-secretária municipal de Saúde, Fábia Colares Alves de Almeida Barbosa (foto), que também disputou as eleições de 2024 como candidata a prefeita. O ex-prefeito Antônio Almeida (foto), apesar de citado nos depoimentos, não foi indiciado até o momento, mas segue sob análise.

O inquérito, concluído neste mês, foi instaurado após a apreensão de R$ 170 mil em espécie, no dia 13 de maio de 2022, durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Estadual na rodovia CE-060, no município de Senador Pompeu. O dinheiro estava escondido em uma caixa no porta-malas de uma caminhonete de luxo (Hilux SW4) conduzida por Francisco Rodrigues do Nascimento, que inicialmente se apresentou como motorista do prefeito de Acopiara, Antônio Almeida.

Segundo depoimento, Francisco afirmou que o dinheiro seria utilizado para pagar funcionários de obras da prefeitura, a mando da então chefe de gabinete, Antônia Vebeane de Almeida. Dias depois, no entanto, mudou a versão e alegou estar a serviço do empresário Roberto Hermeson Alves de Oliveira, conhecido como “Robertinho do Quixelô”, e que teria ido apenas buscar uma “encomenda” em Fortaleza.

A Polícia Civil apontou diversas contradições nos depoimentos e inconsistências nos documentos apresentados. Uma das principais linhas de investigação envolve o pagamento de R$ 170.016,00 da Prefeitura de Acopiara à empresa W2 Comércio, Importação e Exportação de Medicamentos Ltda, realizado um mês antes da apreensão — valor quase idêntico ao encontrado no veículo. O contrato previa o fornecimento de antibiótico (Cefepima), mas o pagamento foi justificado com nota fiscal de soro fisiológico, produto que não constava no contrato original.

Além disso, a prefeitura utilizou uma ata de registro de preços do estado do Tocantins, mesmo havendo opções mais baratas no Ceará, o que levantou suspeitas de direcionamento e superfaturamento.


A investigação também revelou vínculos da W2 com outras empresas — Supramed e Globomed — que apresentavam movimentações financeiras atípicas e uso de supostos “laranjas”. Um dos sócios, Victor Levi Tavares de Araújo, de 25 anos, aparece como responsável por empresas milionárias, mas possui apenas um carro popular registrado em seu nome. Já João Vitor Fernandes da Silva, de 23 anos, sem vínculo empregatício formal e sem habilitação, figura como proprietário de cinco veículos, incluindo modelos de luxo.

Com base nos indícios, foram indiciados pela Polícia Civil:

Francisco Rodrigues do Nascimento
Roberto Hermeson Alves de Oliveira (“Robertinho do Quixelô”)
Antônia Vebeane de Almeida
Francisco Renato Leal Cavalcante
João Gutemberg Franco de Sousa
Fábia Colares Alves de Almeida Barbosa
Paulo Sérgio Moreira da Silva
Marcos Uchoa Batista
João Vitor Fernandes da Silva
Antônia Elza Almeida da Silva

Os crimes investigados incluem peculato, fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro, com base no artigo 1º da Lei nº 9.613/98.

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