Os dados do Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil apontam que o AVC (Acidente Vascular Cerebral) é uma das principais causas de morte no Brasil, provocando, em 2025, a cada 7 minutos, uma vítima fatal. Entre primeiro de janeiro e 5 de abril, a doença foi responsável por 18.724 óbitos.
Os números mostram que, além de ser uma das principais causas de morte, o AVC é, ao mesmo tempo, o fator determinante de incapacidade adquirida no mundo.
Segundo o estudo, a estimativa é que 70% dos pacientes não retornam ao trabalho após um AVC, sendo que 50% ficam dependentes de terceiros para atividades básicas.
ATENDIMENTO PRECÁRIO NA REDE DE SAÚDE
‘’O tratamento do AVC precisa ser ágil, regionalizado e hierarquizado, com centros organizados conforme as portarias do Ministério da Saúde, que infelizmente ainda não são respeitadas’’, alerta o neurologista Daniel Paes Santos, membro titular da Academia Brasileira de Neurologia e Fellow da European Academy of Neurology,
Segundo Daniel, o Brasil avançou nos tratamentos e na estruturação da abordagem da doença, mas o AVC ainda representa uma “tragédia”, mesmo nas grandes cidades.
‘’No Brasil, a situação é particularmente grave. Os grandes centros do Brasil não estão preparados para cuidar adequadamente desses pacientes’’, afirma o neurologista, em declaração publicada pelo Jornal O Globo.
PREVENÇÃO E MELHOR ATENDIMENTO
Para o especialista da área de neurologia, portarias públicas já regulamentadas pelo Ministério da Saúde precisam ser aplicadas no tratamento dos pacientes com AVC.
Ele cita, por exemplo, a portaria que prevê a organização de uma rede em três níveis articulados de atenção: a primeira – prevenção, controle da hipertensão, diabetes e outros fatores de risco nas Unidades Básicas de Saúde; a segunda é realizada nas unidades de urgência e emergência, com diagnóstico inicial e estabilização e, por último, conduzida em hospitais de alta complexidade, com neurologistas, UTI especializada, trombólise, trombectomia e reabilitação integrada.
AVC NÃO PODE SER NEGLIGENCIADO
O médico deixa um recado pelas autoridades da área da saúde: Já passou da hora de as autoridades olharem com atenção para esses dados e promoverem mudanças estruturantes.
‘’O AVC não pode mais ser negligenciado. É tão grave quanto o infarto do miocárdio ou o câncer. Já temos tratamentos eficazes desde os anos 90. O que falta é estrutura, investimento e ação coordenada’’, alerta o neurologista.
Segundo um estudo da nova Global Stroke Action Coalition, se nada for feito, o mundo poderá assistir, até 2050, a quase 10 milhões de mortes anuais por AVC.
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