quinta-feira, 21 de março de 2024

Prefeito de Acopiara retorna ao cargo após três afastamentos. Município estava sendo administrada por sua vice

Após ter sido afastado pela terceira vez em dezembro do ano passado, o prefeito de Acopiara — distante 346,8 km de Fortaleza — Antônio Almeida Neto (MDB) está de volta ao cargo. O gestor era investigado, pelo Ministério Público (MPCE), por suspeita de corrupção, fraude em licitações, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Ele havia deixado o cargo no fim de 2022, em meados de 2023 e, na última ocasião, em dezembro do ano passado. Nas três vezes, retornou ao Executivo municipal.
  
O terceiro retorno se deu na noite desta quarta-feira, 20, e foi anunciado nas redes sociais de Antônio Almeida. Ele escreveu: “É com imensa gratidão que anuncio nosso retorno, sempre confiantes na justiça divina, na justiça dos homens do nosso país do nosso estado do Ceará a verdade prevaleceu. Estamos de volta para cuidar de nossa amada Acopiara, com a dedicação que sempre nos caracterizou, pois nossa história é marcada por muito amor!.”

Segundo o gestor, a defesa alegou que o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará não tinha competência para julgar o caso, tendo em vista que os recursos são federais. Assim, a responsabilidade ficaria com a Justiça Federal. “Estou muito feliz que esse pesadelo acabou”, disse o prefeito. Sobre as acusações, ele afirma que a decisão do Tribunal “dá resposta a todas as denúncias feitas” contra ele.

O representante da defesa é o advogado Waldir Xavier, que apresentou argumentos similares no caso do prefeito José Braga Barrozo, o Braguinha, afastado de Santa Quitéria, município a 229,2 km de Fortaleza. No caso, também foi alegado que não competia à Justiça Estadual a apreciação do caso.

Apoio de Eunício Oliveira e críticas à vice-prefeita

O político acopiarense recebeu apoio do deputado federal Eunício Oliveira (MDB), antigo aliado de Almeida. Em pronunciamento, o parlamentar disse que a cidade voltaria a ser governada por quem foi “colocado na Prefeitura pelo voto livre, democrático”.

“É bom para aqueles que acham que o poder é oportunismo, que vem das mãos daqueles que sujam suas próprias mãos para usurpar o poder daqueles que receberam das mãos do povo o direito de governar um município”, disse Eunício, em vídeo, em um comentário que pode ser direcionado à então gestora do município, a vice-prefeita Ana Patrícia (Republicanos), rompida com o grupo político de Almeida e ex-filiada ao MDB.

A mesma narrativa de “poder tomado” foi levantada por Antônio Almeida, que alegou perseguição: “A gente sabe que tem gente muito interessada no meu afastamento”. Segundo ele, os interessados são “opositores recentes” e não adversários políticos históricos, se referindo, novamente, à vice-prefeita. “É a vaidade de ser prefeita. Desde o primeiro afastamento ela já estava por trás”, alega.

Anteriormente, Ana Patrícia já havia se pronunciado sobre afirmações semelhantes. “Se hoje estou aqui, não foi uma escolha minha. Se hoje estou substituindo um prefeito que, pela segunda vez, está sendo acusado de corrupção, não fui eu, foi a Justiça”, afirmou. Ela ressaltou que não sabia como "receberia" o município.

Ela também alegou problemas no MDB, legenda presidida a nível estadual por Eunício Oliveira. “Nós trabalhamos em 4 meses e 25 dias para tentar unir um partido que estava até então esfacelado. Se isso não foi possível, não é nossa culpa”, afirmou.

Prefeito foi afastado três vezes por crimes de corrupção e fraude de licitação

Antônio Almeida foi afastado pela primeira vez no fim de 2022, por seis meses, como um dos alvos da operação "Carona" que investiga supostos crimes de corrupção, fraude em licitações, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Três meses após reassumir ele voltou a ser afastado do cargo por 180 dias no âmbito de mais uma investida do MPCE, pelas mesmas suspeitas. Em setembro, ele anunciou que a Justiça acatou ação da defesa e o autorizou a retornar ao cargo.

O terceiro afastamento se deu em dezembro de 2023, por mais 180 dias. Na ocasião, com o apoio da Polícia Civil, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão contra o prefeito, a secretária de Gabinete, a chefe da licitação e os empresários titulares das empresas, além de mandados de afastamento da função pública, por 180 dias, contra os agentes públicos. Além do prefeito, o chefe de Gabinete e a chefe do Setor de licitações também foram alvo da sanção.

O POVO Online

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