A principal linha de investigação da Polícia Civil para o assassinato do agente penitenciário Carlos Antônio Bezerra, de 34 anos, é que o crime foi ordenado pela facção Primeiro Comando da Capital (PCC). Um suspeito já foi preso e outros três criminosos estão sendo procurados.
Carlos Antônio, conhecido como 'Carlinhos', foi executado a tiros, ao sair da Cadeia Pública de Orós (a 34Km de distância de Fortaleza), no fim de seu plantão, por volta de 9h da última sexta-feira (2). Ele aguardava uma topique, na Praça Padre Cícero, quando foi surpreendido por dois homens que ocupavam em uma motocicleta.
Após o homicídio, detentos da Cadeia Pública comemoraram a morte de 'Carlinhos', batendo nas grades e gritando. O agente penitenciário foi morto a cerca de 50 metros da unidade onde trabalhava.
O motivo da organização criminosa seria o comportamento de 'Carlinhos'. "A versão que temos, até agora, é que seria pelo profissionalismo e disciplina dele. Segundo os próprios colegas, ele não tinha inimizade, mas cobrava muita disciplina dos presos, dentro da legalidade. Isso pode ter desagradado algum líder da facção", revelou o delegado Erlon dos Reis.
Outra linha de investigação trabalhada pela Polícia Civil é a de latrocínio, já que a arma do agente penitenciário foi roubada durante a ação criminosa.
Criminosos
Um suspeito de participar do assassinato de 'Carlinhos' foi preso horas após o crime, na sexta-feira (2). Manoel Ferreira da Silva foi detido no Centro de Orós e confessou que observou, perseguiu o agente e informou aos executores o melhor momento para cometerem o crime.
"O Manoel era um preso do regime semiaberto, passava o dia solto e se recolhia à noite na Cadeia Pública de Orós. Ele foi cooptado por uma terceira pessoa para 'tirar o serviço'. Olhar, apontar a localização do agente penitenciário", contou o delegado Erlon dos Reis.
Conforme o titular da Delegacia de Icó, câmeras de monitoramento flagraram Manoel da Silva se escondendo atrás de um caminhão e visualizando a saída do agente Carlos Antônio do trabalho. O suspeito ainda passou pela praça onde a vítima esperava pela topique e, depois, foi ao encontro dos comparsas. Ao receberem o aviso, dois criminosos foram até o local, cometeram o homicídio e fugiram.
A investigação também identificou o responsável por cooptar o criminoso para observar o agente penitenciário. O suspeito, que não teve a identidade revelada, já teve a prisão solicitado ao Judiciário pela Polícia Civil. Os policiais chegaram a diligenciar até a residência do homem, mas ele havia fugido.
Ainda segundo o delegado Erlon dos Reis, já há suspeitas de quem são os executores. Policiais civis e militares de Orós e Icó seguem em diligências em busca dos criminosos.
Operação
Em resposta à morte do servidor da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), o Sindicato dos Agentes e Servidores Públicos do Sistema Penitenciário do Ceará (Sindasp-CE) deflagrou uma operação para intensificar as vistorias nas unidades penitenciárias do Estado.
O primeiro presídio alvo da ação foi a Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Jucá Neto (CPPL III), localizada no Complexo Penitenciário de Itaitinga II. A Unidade concentra presos ligados à facção PCC. Durante vistoria, no último sábado (3), um túnel em construção foi encontrado, na Rua C.
O Sindicato acredita que evitou uma fuga em massa, já que 400 internos estavam no setor. "Como sanção, algumas ruas da unidade tiveram a visitação cortada (no domingo)", confirmou a Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus).
"Fizemos por conta do crime organizado ter mandado executar um companheiro nosso. Agentes penitenciários se uniram e estão trabalhando pesado. Inclusive colegas estão fazendo de forma voluntária, na folga, para não deixar os criminosos pensarem que é desse jeito", colocou o presidente do Sindasp-CE, Valdemiro Barbosa.
De acordo com Valdemiro, os agentes penitenciários também realizaram vistorias nas Cadeias Públicas de Orós, Iguatu e Acopiara, no último fim de semana, e encontraram armas artesanais, armas brancas, celulares e drogas. "Vamos fazer em outras unidades, que não podemos revelar, porque perde o fator surpresa", prometeu.
Fuga
Uma fuga de seis presos foi registrada na Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo Pinto (CPPL II), na sexta-feira (2), através de um buraco na parede de uma cela. A unidade abriga detentos da facção Guardiões do Estado (GDE).
Em nota, a Sejus reconheceu que "das 16 grandes unidades existentes no Estado, apenas a CPPL II não passou por intervenção". E alegou que "a reforma da unidade, com manutenção em celas e acessos internos, será iniciada assim que os entraves burocráticos estiverem sanados".
DN Online
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