sexta-feira, 13 de maio de 2016

Primeiro escalão do governo é formado apenas por homens

O presidente em exercício Michel Temer deu posse, ontem, a 23 ministros que integrarão o primeiro escalão do governo, até agora formado apenas por homens. O Ministério é composto em sua maioria por políticos e empresários. O número de pastas é menor do que os 32 ministros da gestão Dilma Rousseff.

De total de novos ministros, 13 são congressistas, ou seja, 57% do total da nova configuração da Esplanada dos Ministérios. O percentual representa quase o triplo com que Dilma Rousseff iniciou o seu segundo mandato, em 2015, com 7 congressistas nas 39 cadeiras - 18% do total. Com o agravamento da crise e o avanço de seu enfraquecimento político, a petista cedeu mais cadeiras para a Câmara e Senado, mas a medida não conseguiu conter a onda que resultou em seu afastamento ontem.

Mudanças

Sete ministros são do PMDB. O Ministério de Temer também contempla nomes do PP, do PSDB, do PSD, do DEM, do PRB, do PTB, do PSB e do PR. Entre as mudanças estão a fusão das pastas de Comunicações com a de Ciência e Tecnologia, e a incorporação da Secretaria de Aviação Civil e da Secretaria de Portos, que tinham status de Pasta, ao Ministério dos Transportes.

O Ministério de Direitos Humanos, Políticas para as Mulheres e Igualdade Racial foi incorporado ao Ministério da Justiça, que passou a se chamar Ministério da Justiça e Cidadania.

Os ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do Desenvolvimento Agrário viraram o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário. Os ministérios da Educação e da Cultura também foram unidos em uma única pasta. A Controladoria-Geral da União passa a se chamar Ministério da Fiscalização, Transparência e Controle.

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, a Chefia de Gabinete, a Advocacia-Geral da União e o Banco Central perderam status de ministério. O Gabinete de Segurança Institucional passou a ser considerado um ministério.

Temer vai reunir, hoje, a equipe ministerial para um primeiro encontro que deve acontecer entre 9h e 10h, no Palácio do Planalto, segundo informações da assessoria da Presidência.

Críticas

A gestão do primeiro escalão de Temer apresenta um perfil pouco diversificado. A maioria das pastas é chefiada por homens brancos. A representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, criticou a ausência de ministras, fato verificado pela última vez apenas no governo de Ernesto Geisel (1974-1979).

"Não ter mulheres significa perder, pois metade da população não está representada, nesse governo, nessa junta executiva. A possibilidade de perdas de políticas públicas, dos avanços, da (possibilidade de) ir além do que normalmente está sendo visto por só uma parte da população, é muito grande".

Alvos da Lava-Jato

Na equipe de ministros, três peemedebistas são alvos da Operação Lava-Jato. Romero Jucá (Planejamento) é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto recebimento de desvios da Petrobras e do setor elétrico. Um inquérito apura se ele cometeu crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Henrique Eduardo Alves (Turismo) é suspeito de receber dinheiro do dono da OAS, Léo Pinheiro, em troca de prestar favores ao empreiteiro no Legislativo e em tribunais. Já Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) aparece nas mensagens com Léo Pinheiro tratando do atendimento de interesses da OAS em órgãos do governo, entre eles a Caixa. Tanto Alves quanto Geddel passam a ter o chamado "foro privilegiado" e, agora, só podem ser investigados perante Supremo Tribunal Federal.

Diário do Nordeste

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