Cassado na semana passada, um dia antes da votação do impeachment contra Dilma Rousseff no Senado, o ex-senador Delcídio do Amaral disse ontem que a petista não voltará mais para a Presidência. “A presidente Dilma vai para a aposentadoria”, garantiu Delcídio em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Foram as primeiras declarações dele depois de perder o mandato.
Ao mesmo tempo, questionado sobre o presidente da República em exercício, Michel Temer (PMDB), o ex-senador foi cauteloso, mas disse “não botar a fogo” por ele. “Eu não posso botar a mão no fogo por ele (Temer) porque eu não conheço as relações dele”, disse Delcídio.
Ele destacou ainda que as irregularidades na Petrobras começaram na década de 1990, mas tornaram-se maiores quando o PT assumiu a Presidência da República. “O processo foi crescendo desde outros presidentes. A diferença é que aí começou a haver uma atuação sistêmica e partidária, criou um nível mais amplo. Isso é inegável, vem numa evolução para um quadro sistêmico”, afirmou.
O ex-líder do governo Dilma Rousseff no Senado afirmou ainda que a Lava Jato precisa alcançar o núcleo político no esquema de corrupção na Petrobras. “A Lava Jato está passando o Brasil a limpo, mas falta o andar de cima, o núcleo político”, destacou o ex-senador, que fechou acordo de delação premiada com a Justiça. E acrescentou: “A população pergunta: pegaram dirigente de estatal,executivos de empresas, donos de empresas. Onde estão os políticos?”.
Em março deste ano, durante depoimentos à Lava Jato, Delcídio do Amaral implicou 74 pessoas, fez acusações ao governo e à oposição e elevou a pressão sobre a então presidente Dilma Rousseff.
Entre os citados nos relatos de Delcídio, estão alguns dos principais líderes políticos do País, como Dilma, Michel Temer, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador tucano Aécio Neves (MG). “A minha colaboração amarrou as pontas e ela se complementa com outras”, disse ontem.
O agora ex-petista disse que Dilma tentou interferir na Operação Lava Jato por meio do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. Também atribuiu a ela a nomeação para um cargo na BR Distribuidora de Nestor Cerveró, preso e já condenado em processos da Lava Jato.
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