quinta-feira, 19 de maio de 2016

Cunha ganha força no governo Temer contra cassação

A decisão do presidente em exercício Michel Temer de manter aliados do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) nos postos de comando da Câmara fortaleceu o parlamentar. A avaliação no Congresso é de que a confirmação do deputado André Moura (PSC-SE) como líder do governo, a permanência de Waldir Maranhão (PP-MA) na presidência da Casa e as recentes mudanças de integrantes do Conselho de Ética ampliaram as chances de Cunha escapar da cassação do mandato.

Moura foi confirmado líder do governo nesta quarta-feira (18). Trata-se do principal cargo da Câmara, depois da presidência, por fazer a interlocução direta entre o Executivo e a Casa. A decisão de Temer foi um claro aceno ao centrão, bloco idealizado por Cunha formado por 225 deputados de 12 partidos. A alternativa era Rodrigo Maia (DEM-RJ), que era apoiado pelas legendas que faziam oposição ao governo Dilma Rousseff. Além do apoio majoritário dos deputados, a escolha de Temer foi influenciada pelo aval de Cunha.

Após a nomeação, Moura minimizou a relação com o peemedebista e disse que ele não terá"influência nenhuma" em sua atuação. "Quero dizer que estou aqui nesta Casa há seis anos e durante esse período construí um bom relacionamento com várias pessoas. O trabalho que fizemos durante o impeachment foi fundamental para obter os votos necessários para a aprovação do processo na Câmara, isso permitiu que eu tivesse o apoio de 13 partidos."

Nesses primeiros dias de governo Temer, porém, o centrão já começou a operar para tirar do Conselho de Ética parlamentares que vinham, após decisão do Supremo Tribunal Federal, hesitando em votar a favor de Cunha. Em dois dias, três parlamentares renunciaram à vaga. Cacá Leão (PP-BA) - que no primeiro momento era favorável ao peemedebista - abandonou o colegiado alegando desgaste em seu Estado ao se manter ao lado do peemedebista. Ele foi substituído por André Fufuca (PP-MA), voto garantido ao peemedebista.

Outro a deixar o colegiado ontem foi Erivelton Santana (PEN-BA), alegando que a vaga é do PSC. Caberá ao partido de Moura escolher o substituto.

Do grupo que deixou o colegiado só Ricardo Barros (PP-PR) não renunciou por pressão - ele virou ministro da Saúde. O substituto é Nelson Meurer (PP-PR), que tende a votar favoravelmente ao peemedebista.

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