Advogados cearenses, inclusive filhos de um juiz e de um desembargador, estão sendo investigados sob suspeita de terem tentado comprar sentenças para seus clientes, conforme depoimento que a reportagem teve acesso, por meio de outro advogado. O suposto esquema de negociação de liminares nos plantões do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) são investigados pela Polícia Federal (PF), na 'Operação Expresso 150', que acontece em segredo de Justiça. Por conta do sigilo determinado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o número exato de pessoas que podem estar envolvidas e os nomes não podem ser divulgados pelos agentes.
No dia 15 de junho de 2015, vários advogados suspeitos de integrarem o conchavo foram conduzidos coercitivamente até a sede da Superintendência Regional da Polícia Federal (SRCE) para serem ouvidos. No depoimento obtido pela reportagem, um dos suspeitos (identidade preservada), confessa que representou criminosos que constam na lista dos que teriam sido beneficiados por sentenças concedidas em um dos plantões do desembargador Carlos Feitosa, que está sob investigação.
Uma advogada, que se suicidou em maio de 2015, revelou em depoimento que honorários de até R$ 150 mil foram pagos, por pessoas que pleiteavam a soltura comprando sentenças. Na oitiva do advogado suspeito, os investigadores citam análises de sigilos telefônicos sugerindo que os defensores fariam parte das 'negociatas'. Eles se comunicavam para saber quando seria mais apropriado entrar com pedidos de habeas corpus, para conseguir a liberação de seus clientes. O suspeito nega que tenha participado ou combinado coisas deste tipo com colegas.
O homem ouvido é formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), em 2005, e atua nas áreas penal, cível, trabalhista e previdenciário desde 2006. Ele nega qualquer envolvimento com o esquema. O suspeito declarou na oitiva a que foi submetido, que só passou a conhecer a possível existência de venda de sentenças no TJCE, depois que o esquema foi noticiado pela mídia local e porque ouviu comentários feitos por seus colegas de profissão. Além deste advogado, vários outros que seriam parte das negociações foram ouvidos pelas autoridades.
Diário do Nordeste
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