sexta-feira, 17 de julho de 2015

Eduardo Cunha anuncia rompimento político com o governo Dilma

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou nesta sexta-feira (17) seu rompimento político com o governo Dilma Rousseff.

O peemedebista acusa o Palácio Planalto de ter se articulado com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para incriminá-lo na Operação Lava Jato. Nesta quinta (16), o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo relatou à Justiça Federal do Paraná que Cunha lhe pediu propina de US$ 5 milhões.

Eduardo Cunha disse que o rompimento não significa que haverá o "fim da governabilidade". Ele assegurou que continuará a pautar os projetos, inclusive de interesse do governo. Mas fez um alerta: "Saiba que o presidente da Câmara agora é oposição ao governo”.

Um dos delatores do esquema de corrupção que atuava na Petrobras, Camargo afirmou em seu depoimento, em Curitiba, que foi pressionado por Cunha a pagar US$ 10 milhões em propinas para que um contrato de navios-sonda da estatal fosse viabilizado. Do total do suborno, contou o ex-consultor, Cunha disse que era "merecedor" de US$ 5 milhões.

"O fato de eu estar rompido com o governo não vai afetar a relação institucional", disse. "Eu, formalmente, estou rompido com o governo. Politicamente estou rompido", afirmou Cunha em coletiva de imprensa no Salão Verde.

Após o teor do depoimento vir à tona, o presidente da Câmara rebateu as acusações e disse que o procurador-geral, a mando do governo, obrigou Camargo a mentir em seu depoimento para constranger o Legislativo.

“O delator foi obrigado a mentir. E acho muito estranho [a denúncia] ser na véspera do meu pronunciamento [em cadeia de rádio e TV] e na semana em que a parte do Poder Executivo [Polícia Federal], no cumprimento dos mandatos judiciais, tenha agido com aquela fanfarronice toda [ao fazer buscas na casa de políticos investigados]", disse na quinta.

Segundo ele, “há um objetivo claro de constranger o Legislativo e que pode ter o Executivo por trás em uma articulação do procurador-geral da República”.

Camargo, que é ex-consultor da empresa Toyo Setal, afirmou à Justiça que, sem ter recurso para pagar a propina exigida, Cunha o ameaçou com um requerimento na Câmara, solicitando que os contratos dos navios-sonda fossem enviados ao Ministério de Minas e Energias para avaliação e eventual remessa para o Tribunal de Contas da União (TCU).

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