A presidente Dilma Rousseff enviou na manhã desta terça-feira (2) ao
Congresso Nacional mensagem propondo a realização de um plebiscito sobre
a reforma política. O documento foi entregue pelo vice-presidente
Michel Temer e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que foram
pessoalmente ao Congresso.
Há cinco pontos centrais na proposta de consulta popular sugerida pela presidente, segundo Eduardo Cardozo:
1) forma de financiamento de campanhas (público, privado ou misto).
Atualmente, as campanhas políticas têm financiamento privado, o que,
segundo os críticos, leva os políticos a criar vínculos com as empresas
que os financiaram, o que provocaria tendência de favorecimento de tais
empresas. Ao mesmo tempo, há críticas ao financiamento público de
campanha, que o dinheiro dos cofres públicos seria dividido de acordo
com a composição das bancadas na Câmara dos Deputados e a captação de
doações das empresas passaria a ser ilegal.
2) definição do sistema eleitoral (voto proporcional, distrital, distrital misto, “distritão”, proposta em dois turnos)
3) continuidade ou não da existência da suplência no Senado:
diferentemente da Câmara, os senadores são eleitores por voto
majoritário, e não proporcional. O suplente é escolhido na chapa do
senador e não participa da campanha, ou seja, não recebe votos. Assim,
caso o senador eleito se ausente, o suplente assume mesmo sem ter sido
escolhido nas urnas. Em fevereiro, segundo levantamento do blog do
colunista do UOL Fernando Rodrigues, 17 dos 81 senadores em exercício
eram suplentes, mantendo a média de cerca de 20% da composição
preenchida por senadores que não disputaram eleições.
4) manutenção ou não das coligações partidárias: hoje, os partidos
fazem coligações entre si tanto para eleições no Executivo (presidente,
governadores e prefeitos) quanto no Legislativo (deputados federais,
estaduais e vereadores). No entanto, as coligações nacionais não são
necessariamente as mesmas dos Estados, gerando alianças diferentes no
plano federal e estadual. As coligações permitem ainda que deputados da
mesma aliança sejam eleitos na rasteira de outros bem-votados. Foi o
caso das eleições de 2010, em que o deputado Tiririca (PR-SP) teve teve
de 1,35 milhão de votos e elegeu junto com ele mais três deputados,
sendo um do PcdoB, um do PRB e um do PT.
5) fim ou não do voto secreto no Parlamento: Atualmente, a
Constituição prevê voto secreto na análise de vetos presidenciais no
Congresso e na cassação de congressistas. No entanto, o regimento
interno da Câmara e do Senado também determina voto secreto para a
escolha dos presidentes das duas Casas. Na semana passada, a CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara aprovou a proposta de
emenda à Constituição que acaba com o voto secreto em processos de
cassação de mandato. A proposta, que já foi aprovada no Senado, vai
agora a uma comissão especial da Câmara que será criada para analisá-la. Em seguida, precisa ser aprovada em dois turnos no plenário da Casa.
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