Dívida de empréstimo bancário que já soma R$ 41 milhões levou o
Banco do Nordeste do Brasil (BNB) a entrar com ação pedindo a execução
de título extrajudicial de seu devedor. A sequência de sete créditos
milionários não pagos foi feita em nome de três empresas - todas de
propriedade de José Vanderley Nogueira, candidato do PT à Prefeitura de
Morada Nova, na região do Vale Jaguaribano.
O caso
foi levado à Justiça depois que a instituição bancária determinou o
pagamento dos valores em pelo menos três situações. Diante da evidência
de calote, dois juízes que atuam no Fórum da comarca de Limoeiro do
Norte expediram despachos judiciais ordenando que o candidato a
prefeito inadimplente pague a dívida, sob pena de penhora de seus bens.
Transcorridos
110 desde o primeiro despacho, Nogueira não teria devolvido nada do
valor retirado no BNB. Por meio de embargos, o devedor adiaria o
pagamento desde maio.
Segundo os autos do processo, os
empréstimos começaram a ser feitos em 2010. Em dois anos, o candidato
petista fez sete tomadas no BNB. O menor deles, no valor atualizado de
R$ 941.465,27. O maior, retirado em agosto de 2010, soma hoje R$
28.653.202,02.
Hipoteca
O POVO teve
acesso aos processos. Quando Vanderley Nogueira fez o primeiro
empréstimo bancário, apresentou como hipoteca dois terrenos em Limoeiro
do Norte. Um deles, avaliado em 2010 em R$ 12,196 milhões. O outro lote
estaria estimado em R$ 965 mil, segundo documento do próprio BNB.
Na
descrição das propriedades hipotecadas, no entanto, consta que o
terreno de maior tamanho possui 22 mil metros quadrados. O segundo
somaria 965,42 metros quadrados. Em contato com um corretor imobiliário,
O POVO apurou que lote de terra nessas dimensões jamais poderia custar
os valores descritos na avaliação que autorizou as operações
bancárias. Os valores estariam pelo menos dez vezes acima do preço real
do metro quadrado na região.
Em junho deste ano, O POVO publicou
série de matérias mostrando que negócios feitos com o BNB viraram alvo
de investigação da Controladoria Geral da União (CGU), Polícia Federal
e da Procuradoria da República no Ceará. Afastado da Gerência de
Negócios da Agência Centro do BNB, o gerente envolvido no caso também
era investigado por autorização ilegal de financiamentos.
Procurada pelo O POVO,
a assessoria de comunicação do BNB disse que não poderia comentar as
operações feitas pelo candidato “por estarem regidas pela legislação
que protege o sigilo bancário”.
Durante dois dias, O POVO
também tentou conversar com José Vanderley Nogueira, por meio de
ligações efetuadas a um telefone celular disponibilizado pela Executiva
Estadual do PT. No primeiro dia, as diversas chamadas não foram
atendidas. No segundo dia, por três vezes, o número chamou, sem que
fosse atendido. Posteriormente, as ligações caíram em caixa postal.
Nenhum outro contato do candidato foi disponibilizado à reportagem.
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
A
situação levou à execução de título extrajudicial após o candidato
deixar de pagar a dívida. A consequência é a penhora de tantos bens do
candidato quantos forem necessários para garantir a quitação da
dívida.
O POVO
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