O veículo da Adesul Turismo saiu de São Paulo no domingo, com destino ao interior cearense
Sem
licença para fazer o transporte remunerado de passageiros, o ônibus da
empresa Adesul Turismo, com destino ao Ceará, bateu em um barranco e
tombou no Km 44 do trecho goiano da rodovia, depois de Formosa (GO), por
volta das 4h. Dos 48 passageiros, dois morreram e 15 precisaram de
atendimento médico.
O coletivo saiu do centro de São Paulo ao meio-dia
do último domingo, em um comboio com outros três veículos da mesma empresa com destino as cidades de Juazeiro do Norte,
Iguatu, Acopiara e Catarina, no Ceará.
De acordo com o inspetor Daniel Bonfim, da
Polícia Rodoviária Federal (PRF), o ônibus envolvido no acidente não
tinha autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)
para rodar. “Tudo indica que houve uma aquaplanagem devido aos pneus
carecas do veículo e à pista molhada”, afirmou.
A reportagem entrou em contato com a direção da empresa, mas não
obteve retorno até o fechamento desta edição. Sentada em uma das
primeiras fileiras de bancos, uma mulher voou para a parte dianteira do
veículo. Segundo testemunhas, ela teria morrido antes da chegada do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e dos bombeiros.
Ela
continuava sem identificação até o fim da tarde de ontem. Natural de
Várzea Grande (CE), Antônio Islânio Felix Alves, 22 anos, morreu a
caminho da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Formosa (GO),
localizada a 81 km do centro de Brasília.
Seis vítimas, com ferimentos de maior gravidade, foram levadas ao Distrito Federal. Inconsciente, uma mulher deu entrada na neurocirurgia do Hospital de Base do DF.
O motorista de 28 anos e o colega com quem
revezava a direção também foram encaminhados ao centro médico. A viagem
do ônibus clandestino colocou ainda em risco a vida de três crianças.
Uma menina de 4 anos teve de ser transportada ao HBDF para fazer uma
tomografia. Outras duas garotas, de 2 e 9 anos, ficaram em observação na
UPA da cidade goiana próxima ao local da colisão. Contatada pela
reportagem, a Secretaria de Saúde não informou o estado de saúde dos
pacientes atendidos no Hospital de Base. Segundo a UPA de Formosa, as
crianças internadas não corriam risco de morte.

O pintor Antônio Orlando da Silva, 31 anos,
se preparava para dormir quando ouviu o barulho e sentiu o impacto da
pancada no barranco às margens da rodovia. “Foi um desespero.
O ônibus
tombou e ficou deslizando na pista”, descreveu. Os passageiros, segundo
ele, eram arremessados para fora do carro. “Uma criança praticamente
voou por cima de mim. Agarrei na perna dela e consegui segurá-la”,
relembrou.
A escolha do veículo pirata para cruzar boa parte do país se baseou no preço mais em conta.
O pedreiro Abel Santos, 23 anos, afirma ter
comprado a passagem por R$ 200, em vez dos R$ 380 cobrados pelo bilhete
dos coletivos convencionais. “Trabalhei por três meses em São Paulo.
Juntei um pouco de dinheiro e queria levar para a minha irmã, em Iguatu
(CE)”, justificou. Depois de ser liberado do Hospital Municipal de
Formosa, ele repensou a economia. “Não imaginei que pudesse acabar
acontecendo um acidente grave assim”, afirmou.
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