segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mulher de Bruno diz que Macarrão também queria matar bebê de Eliza Samudio


A juíza Marixa Rodrigues, do Tribunal do Júri de Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), leu nesta segunda-feira uma carta em que a mulher do goleiro Bruno Fernandes, Dayanne do Carmo Rodrigues de Souza, diz ter ouvido que a intenção de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, braço direito do jogador, era matar tanto Eliza Samudio quanto seu bebê.
 
Dayanne, que presta depoimento em audiência do caso hoje, confirmou ter escrito a carta ao promotor Gustavo Fantini. No documento, ela diz ter cuidado do bebê de Eliza após o sumiço da namorada de Bruno foi seu "erro mais acertado". Dayanne é acusada sob suspeita de ter participado da operação para esconder o bebê após a polícia começar a investigar o desaparecimento de Eliza. 

"Ao encontrar o Sérgio [Rosa Sales, primo de Bruno], ele me disse que se na noite do dia 10 de junho de 2010 [suposta data da morte de Eliza], eu não tivesse aceitado olhar o bebê, a essa hora a criança poderia estar morta, porque a intenção de Macarrão era eliminar mãe e filha", disse Dayanne. 

A intenção de Macarrão em matar o bebê já foi dada à polícia pelo próprio Sérgio, que disse que Bruno decidiu poupar a criança. À Justiça Sérgio decidiu mudar a versão e dizer que foi torturado pela polícia para dar as declarações. A polícia nega qualquer agressão. 

A mulher de Bruno tentou dar uma imagem positiva ao fato de ter ficado responsável pelo bebê de Eliza, dizendo que cuidou da criança por pressentimento de que algo pudesse ocorrer e por instinto materno. 

"Criança é ser divino, digo isso porque sou mãe e estou sentindo na pele a falta das minha filha. (...) Ter cuidado do Bruno Samudio foi o erro mais acertado e é a Deus que eu agradeço o fato de hoje ele ter fôlego de vida", disse. 

Dayanne negou envolvimento em todos os crimes dos quais foi acusada: "Deus não vai permitir que pese em meus ombros algo que não fiz". Ela disse que o nome do bebê foi mudado para Ryan Yuri não para esconder a origem da criança, mas para não confundir com o nome de Bruno e por "pura antipatia" do jogador. 

Ela também negou conhecer o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, suposto assassino de Eliza.

Dayanne confirmou o depoimento que prestou à polícia em 16 de julho, com poucas ressalvas. Entre elas, negou ter dito a frase "na minha opinião a Eliza está mesmo é morta", substituindo-a por "se um ser humano foi picado e jogado para os cachorros não pode estar vivo". 

A mulher de Bruno confirmou o relato de que encontrou Eliza pela primeira vez em 9 de junho, na véspera da suposta morte, no sítio do goleiro em Esmeraldas (MG). Dayanne disse ter ido ao sítio do jogador, mas que ele tentou impedi-la de entrar. 

Ela disse que, após insistências, Bruno a empurrou para dentro do quarto em que Eliza estava e que a namorada do jogador não estava machucada.

Dayanne disse que Bruno lhe contou que Eliza estava lá para que Bruno comprasse um apartamento para ela e para o bebê e que "estava tudo resolvido". No mesmo dia, disse Dayanne, o goleiro levou a criança para que familiares a conhececem, apresentando o bebê como seu filho. 

DIA DO CRIME
 
Dayanne disse que, dia seguinte, encontrou Eliza novamente e também não viu nenhum ferimento na cabeça da namorada do goleiro, exceto por um dedo do pé inchado que Eliza disse ter batido em uma porta. 

A mulher do jogador disse que ficou com Eliza na cozinha e que a suposta vítima até ajudou a filha de Dayanne a comer. À noite, Macarrão levou Eliza embora com o bebê acompanhado do primo adolescente de Bruno. O goleiro e Sérgio ficaram no sítio, disse Dayanne. 

Ela disse ter questionado Bruno sobre o paradeiro de Eliza e ele afirmou que Eliza foi a São Paulo buscar roupas. O goleiro pediu então que Dayanne cuidasse do bebê, disse a depoente. Na mesma noite do suposto crime, Dayanne disse ter sentido um "cheiro de fumaça horroroso" e Bruno lhe disse que tinha queimado lixo.

Em encontro dias depois com Bruno, Dayanne disse que ouviu do jogador que Eliza havia afirmado que ia buscar roupas, mas que havia sumido e que ele achava que ela "queria aprontar para ele", envolvendo em um crime de sequestro do bebê. 

Dayanne disse que acreditou na versão do goleiro porque "até então o bicho-papão" era Eliza. Entre os dias 24 e 25 de junho, disse a mulher de Bruno, Macarrão pediu a ela que entregasse o bebê a Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, amigo do goleiro, porque o caso estava sendo investigado e o grupo poderia ser acusado de sequestro. 

O bebê foi encontrado em uma casa de Ribeirão das Neves (MG) no dia 26. Dayanne, que havia mentido sobre saber o paradeiro do bebê, chegou a ser presa e depois liberada. 

Sobre já ter brigado fisicamente com Bruno, Dayanne disse não considerá-lo violento e que "na maioria das vezes ele tentava se defender" após ser agredido por ela. 

Folha.com

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