Reportagem publicada no jornal O Globo desta quinta-feira (7) revela que o PMDB do vice na chapa governista, Michel Temer, não quer esperar a eventual vitória de Dilma Rousseff (PT) na disputa à presidência, para saber qual o tamanho de sua fatia na divisão do poder. A petista já teria começado a administrar o clima de insatisfação geral no partido aliado. Um dos motivos para isso teria sido a indicação do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) para ser um dos quatro coordenadores da campanha da presidenciável.
A indicação teria causado mal-estar dentro do PMDB e motivado até chacota nas reuniões reservadas da sigla ontem. Integrantes da cúpula do partido avaliam que Ciro tem um discurso muito radical, especialmente contra o PMDB – ele já chamou Temer de chefe de um ajuntamento de assaltantes -, o que pode não atrair mais apoios, e sim afastar pessoas. Também lembraram que o PMDB foi alvo de pesados ataques do deputado. Em várias ocasiões, Ciro chamou o partido de quadrilha e disse que a prática da sigla é a da frouxidão moral.
Os peemedebistas viram na indicação de Ciro para a coordenação, uma escolha pessoal de Lula, para agradar ao governador reeleito do Ceará, Cid Gomes, e ainda ao governador reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB.
Em reunião num hotel de Brasília, Michel Temer liderou ontem um ato de demonstração de força com cerca de cem lideranças expressivas. E o recado foi claro: o PT terá que abrir espaço para que o vice e o partido tenham visibilidade, inclusive na TV. E a cúpula do PMDB quer deixar amarrado um entendimento sobre a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado em fevereiro.
Em discurso, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), foi o porta-voz da insatisfação. Batendo no peito e em tom exaltado, disse que chegou a hora da verdade. “Não aceitamos essa história de eleição para um partido só ganhar. O PT é um grande partido, mas ou ganhamos juntos ou não ganha ninguém”, conclamou o líder peemedebista.
“Eu me mantive discreto no momento em que não se exigia muito a minha presença, não sei se por erro da coordenação. Mas eu disse para Dilma que queremos uma participação mais efetiva”, discursou Temer.
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