Consultado antes da realização do debate de domingo, Lula deu sinal verde à adoção do timbre agressivo de Dilma Rousseff contra José Serra.
Ouviu argumentos a favor e contra a tática do ataque. Alinhou-se à primeira corrente.
Dilma e os operadores petistas da campanha avaliaram que era preciso sair da defensiva, inquirindo Serra sobre a “boataria” que corre a internet.
Levaram em conta o último Datafolha, que estimou em oito pontos a vantagem de Dilma sobre Serra na conta que considera os votos válidos.
Em privado, o marqueteiro João Santana ponderou acerca dos riscos da estratégia. Lembrou que agressividade, por vezes, resulta em prejuízo.
Com o aval de Lula, Dilma abriu o paiol diante das câmeras da TV Bandeirantes. Seguiu o script delineado nas horas que antecederam o debate.
Para reforçar o vínculo de Serra com os boatos que a rodeiam, Dilma mencionou a frase atribuída à mulher do rival, Mônica Serra.
Como antídoto ao veneno do ‘Erenicegate’, citou Paulo Vieira de Souza, o ex-diretor da Dersa acusado de sumir com R$ 4 milhões da campanha de Serra.
Contra as promessas continuístas de Serra, mencionou a interrupção de dois programas do antecessor tucano Geraldo Alckmin no governo de São Paulo.
De resto, reforçou a tática do plebiscito, ressuscitando a cantilena de 2006, que vincula o presidenciável tucano de plantão a FHC e ao privatismo.
Embora levasse em conta a hipótese de Dilma elevar o timbre, o comitê de Serra a considerava improvável.
Serra foi aos estúdios da Bandeirantes imaginando que sua antagonista privilegiaria o debate programático, não o contencioso.
Sob o comando de Luiz Gonzalez, o time de marketing da campanha tucana avaliava nesta segunda (11) que o novo estilo de Dilma favorece Serra.
Por quê? No ataque, Dilma assustaria o pedaço do eleitorado que ocupa a coluna dos indecisos.
O petismo aposta em coisa diferente. Imagina que a Dilma de domingo tende a ser vista não como agressiva, mas “firme”.
A impressão é compartilhada por Michel Temer. Advogado, o vice de Dilma acha que a candidata respondeu à altura às acusações que lhe fazem “impunemente”.
Para Temer, o eleitor verá em Dilma não uma agressora, mas uma pessoa que, indignada, reage defensivamente.
Temer recorda, de resto, que Serra não adotou no debate o comportamento de agredido. Ao contrário, investiu contra Dilma.
Pelo sim, pelo não, Dilma não deve repetir a dose. Nos debates que estão por vir, ela deve retomar um diapasão mais moderado. O estratégia "anti-boato" será mantida nos comícios e entrevistas.
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