O deputado federal Ciro Gomes foi um dos principais alvos de um núcleo de arapongagem formado em 2002 para espionar e promover ataques a adversários do então candidato à Presidencia Luis Inácio Lula da Silva, que disputava pela quarta vez consecutiva o Palácio do Planalto. A denúncia é do sindicalista Wagner Cinchetto, e estão publicadas na revista Veja e o Estado de S. Paulo.
Uma dessas investidas, afirmou Cinchetto à revista Veja, foi a polêmica operação da Polícia Federal que, naquele ano, recolheu na sede da empresa Lunus R$ 1,34 milhão, dinheiro vivo e sem origem declarada que seria do caixa 2 da campanha de Roseana Sarney (PMDB), hoje governadora do Maranhão e então pré-candidata à sucessão de Fernando Henrique Cardoso.
"O Lula sabia do núcleo e deu autorização", afirma Cinchetto. "Tinha um plano para detonar a campanha da Roseana", disse ele ao jornal O Estado de S. Paulo, neste sábado (15).
"A gente tinha uma pessoa infiltrada na operação Lunus. Orientamos para ligar ao Palácio do Planalto para dizer que tinha dado tudo certo. Ficou a impressão digital do Serra. Quando a Roseana atacou o Serra o grupo festejou, teve comemoração. O PT estava nessa. Todo mundo acha que os tucanos planejaram."
O sindicalista conta que "quem dava a palavra final às vezes eram o Berzoini (Ricardo Berzoini, ex-presidente do PT) e o Luiz Marinho (prefeito de São Bernardo do Campo)". "Quando a gente precisava de dinheiro falava com o Carlos Alberto Grana, tesoureiro da CUT, ou com o Marinho e o Bargas (Oswaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho)."
Cinchetto relata que o grupo trabalhou para inviabilizar as candidaturas de Anthony Garotinho (PDT) e de Ciro Gomes (PPS). "O Ciro era um dos favoritos. Centramos em seu ponto mais fraco que era o vice da chapa, o Paulinho da Força. Eu trabalhava para a CUT e já tinha preparado dossiê sobre o Paulinho, trabalho de profissional. Fotografamos até uma fazenda do Paulinho. A candidatura do Ciro foi minando. O Ciro achava que era coisa dos tucanos, do pessoal do Serra."
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, disse que considera inverídicas as declarações de Cinchetto à revista Veja. "Não tenho nada a declarar. Não conheço esse senhor (Cinchetto), nunca o vi. Veio da Força Sindical, rival da CUT", limitou-se a comentar. Procurado pelo Estado, o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) não deu retorno à ligação.
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