domingo, 23 de maio de 2010

Serra, Dilma e Marina de olho no “voto da fé”


De olho em um contingente que passa da centena de milhões de votos, candidatos a cargos proporcionais e majoritários flertam com o voto religioso. A reportagem publicada na edição de domingo (23) do Correio Braziliense mostra a aproximação dos pré-candidatos Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PV) e José Serra (PSDB) aos segmentos religiosos e diz que o objetivo é calcular o comportamento do eleitor para, mais do que agregar novos simpatizantes, não serem tragados ao expor posições ofensivas às crenças mais tradicionais. Confira:

José Serra (PSDB)

O tucano vem reservando espaço cativo na agenda para eventos religiosos. Em Balneário Camboriú, rezou junto a evangélicos em abril. Na semana passada, iniciou o roteiro de cunho religioso “obrigatório”, por Juazeiro do Norte (CE) — o outro endereço é Aparecida do Norte (SP). Ontem foi a vez de participar, em Cachoeira Paulista (SP), da inauguração de um centro de apoio comunitário do grupo Canção Nova, um movimento da Igreja Católica carismática. Embora não tenha cometido contradição, analistas entendem que o pré-candidato ainda titubeia ao abraçar questões cruciais para a fé, como a questão do aborto e da união homoafetiva. “O Serra tem mais condições de reunir o voto religioso, que é tradicionalmente conservador, mas ele resiste a se enquadrar às teses desse grupo, como um político de centro-direita. Ele prefere a imagem de técnico, cientista e até centro-esquerda”, analisa Ricardo Caldas.

Dilma Rousseff (PT)

A petista já participou de eventos em rádios religiosas, missas e cultos evangélicos. Ao passo em que flerta com o chamado voto da fé, porém, Dilma tem tropeçado em contradições. Primeiro, esquivou-se de responder se Deus existe. Depois, disse não ter religião, mas respeitar quem é religioso. Até que decidiu assumir-se seguidora do Vaticano. “A questão religiosa influencia o voto, mas isso tem de estar em evidência. Tem de ter um valor e o eleitor tem de identificar isso”, explica o cientista político da Universidade de Brasília Ricardo Caldas. Até o momento, Dilma tem o voto declarado de partidos ligados às religiões neopentecostais, como o PR e o PRB.

Marina Silva  (PV)

Embora seja a única entre os presidenciáveis com currículo religioso, Marina tem sido a pré-candidata com menor agenda ligada à religião. Depois de cogitar se tornar freira e se converter evangélica da Assembleia de Deus, Marina tem evitado os temas sensíveis às crenças. Na questão do aborto, diz que é pessoalmente contra, mas sugere um plebiscito para definir a legalização da prática. Em via oposta à própria crença, declarou que não iria se opor à união homoafetiva. A aposta no tom ambientalista, em detrimento do religioso, evitaria a perda dos votos dos jovens, hoje mais simpáticos à pré-candidata verde.

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