Eis artigo publicado no O POVO desta sexta-feira intitulado "A carona, a atitude e o debate"। Regina Ribeiro, jornalista, diz que Cid Gomes foi arrogante. Confira:
O governador Cid Gomes teve tempo de sobra para evitar o constrangimento do pedido de desculpas feito, na segunda-feira, na Assembléia, ao povo cearense. Há mais de um mês ele poderia ter dado essas informações todas, de forma transparente, como um homem público que tem convicção de não ter feito nada fora dos parâmetros legais. Mas optou por chamar de "demagogia" a preocupação em torno no tema. Não era. O fato é que o governador agiu e reagiu como de outras vezes: vocês vão lembrar-se do episódio da mudança de regras para a escolha do dirigente da Escola de Saúde Pública e do caso das discussões em torno do nepotismo. Parece que existe por parte do governador Cid Gomes uma certa resistência em admitir que seus atos não devem ter como respaldo apenas a letra crua das leis. Elas são a súmula das regras que não se podem ultrapassar. Além das leis existem algumas atitudes indispensáveis ao homem público. Informar sobre suas ações públicas é uma delas. E fazer isso de boa vontade é outra. Respeitar as pessoas é o fundamento das duas anteriores. Nesse caso de levar a sogra de carona e aceitar que as mulheres dos assessores o acompanhassem numa viagem oficial pode não ter nada de errado, mas Cid Gomes teve a presunção de achar que o Ceará não tem nada a ver com o que ele faz, nem como ele faz. Os súditos só precisam saber que ele está no meio do mundo com um avião fretado a serviço do Estado. O nome disso é arrogância. Independente do pedido de desculpas, é bom dizer que o debate sobre o caso foi de uma pobreza espartana, do tipo que não desperta o jovem governador a rever suas posturas, nem acrescenta nada às pessoas. Li por este jornal troças sobre sogras e discursos mal construídos por parte dos parlamentares. O que está em questão nessa história toda é um modo de governar e de comunicar atos públicos por parte de um governante. O que está em jogo é uma dinâmica de gestão política que precisa respeitar a sociedade e a imprensa e isso deve ser discutido de forma sóbria, num debate qualificado onde não cabem marmotas, piadas e picuinhas partidárias.
Regina Ribeiro - Jornalista
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