quinta-feira, 24 de julho de 2025

Empresas de políticos receberam pelo menos R$ 773 mi de emendas desde 2018

Ao menos 1.210 políticos receberam pagamentos que totalizam pelo menos R$ 773 milhões e têm como origem emendas parlamentares pagas entre 2018 e junho de 2025.

O dinheiro foi recebido por meio de empresas em que são sócios. As empresas prestaram serviços para prefeituras e governos estaduais em convênios que receberam recursos de emendas no período.

O fato de uma empresa de político ser contratada pelo poder público não configura, por si, uma irregularidade.

Pode abrir brechas, no entanto, para situações impróprias e de conflitos de interesses.

Entre os beneficiários dessas emendas estão:
  • prefeitos-empresários que integram consórcios municipais responsáveis pela destinação dos recursos;
  • suplente de senador cuja empresa recebe verbas indicada pelo senador titular;
  • ex-funcionários de parlamentares;
  • congressistas cujas empresas são contratadas com recursos de emendas indicadas por colegas.
  • Atualmente estão disponíveis para análise detalhada no portal Transferegov, do governo federal, dados sobre a aplicação de R$ 31 bilhões dos R$ 173 bilhões pagos nos últimos seis anos em emendas no país.
Ou seja, o valor pago a políticos está subestimado no levantamento do UOL, já que ele considera apenas 18% do total desembolsado.

A pesquisa não inclui também o pagamento a empresas de parentes dos políticos — que, em alguns casos, acabam sendo os principais beneficiários da influência.

"Esses dados são evidência de que as emendas, da forma como são apresentadas e executadas, deixam muita brecha para riscos à administração pública de tráfico de influência ou conflitos de interesses nas contratações", diz Marina Atoji, diretora de programas da ONG Transparência Brasil.

"É uma das razões pelas quais se tenta dificultar ao máximo possível a transparência desses dados", continua a dirigente.

Na último dia 21, o UOL revelou que a distribuição de emendas por critérios políticos ignora indicadores de desenvolvimento e faz com que nem sempre os recursos cheguem a quem mais precisa.

Reportagem publicada no dia seguinte mostrou que a cidade que mais recebeu emendas per capita nos últimos cinco anos decretou calamidade financeira.

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