sexta-feira, 27 de junho de 2025

Quase 1,5 milhão de cearenses vive fora, e 471 mil pessoas de outros estados moram no CE, diz IBGE

Sair do estado para morar em outros locais do Brasil é uma decisão com a qual cerca de 1,5 milhão de cearenses convive, de acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por outro lado, mais de 471 mil brasileiros de fora escolheram o Ceará como casa.

Os dados, levantados pelo Diário do Nordeste, foram divulgados nesta sexta-feira (27), e revelam os fluxos migratórios que desenham a população brasileira. Em números exatos, 1.498.667 de pessoas naturais do Ceará viviam em outras unidades da federação, em 2022; enquanto 471.533 não-naturais residiam no Estado.

O levantamento mostra ainda que, em todo o Brasil, 29 milhões de pessoas moravam em estados diferentes do local de nascimento, no ano do Censo, “evidenciando a magnitude das migrações interestaduais que marcaram o País ao longo do tempo”, como frisa o IBGE.

Entre os cearenses que decidiram morar em outros locais, quase metade (47,7%) vive no Sudeste: um a cada três (35,3%) escolhem São Paulo como morada, enquanto 12,2% elegem o Rio de Janeiro.

O terceiro estado com mais pessoas naturais do Ceará vivendo fora é o Pará, na região Norte, com 5,6% delas, conforme o Censo. O IBGE analisa, com isso, que não é só a localização que dita os fluxos populacionais.

“As principais origens dos não naturais indicam tanto a influência da proximidade geográfica quanto a relevância de outros fatores econômicos ou sociais na escolha do destino”, analisa o instituto, em publicação.

Cearenses pelo Brasil

O levantamento também revela quais as três naturalidades mais comuns entre os migrantes que moram em outros estados. O cearenses ocupam o top 3 de pelo menos seis unidades da federação, a maioria do Norte e do próprio Nordeste:

Piauí - 18,1% dos moradores não-naturais são cearenses;
Rio Grande do Norte - 13,8%;
Maranhão - 13,2%;
Rio de Janeiro - 9,4%;
Pará - 7,8%;
Amapá - 2,1%.

O Censo Demográfico também fez um recorte mais específico para entender os movimentos migratórios: indagou aos residentes de 5 anos ou mais de idade sobre onde moravam em julho de 2017. Como o levantamento foi feito em julho de 2022, a ideia era entender as migrações ocorridas exatos 5 anos antes.

No Ceará, apesar de os números serem bem próximos, o levantamento mostra que saiu mais gente do que chegou: entre 2017 e 2022, 135.791 imigrantes passaram a morar no Estado, enquanto 136.488 pessoas saíram do Ceará. É um saldo negativo de 697 pessoas, proporção mais estável do País.

A região Nordeste registrou, no Censo, o maior percentual de população residente em sua própria região de nascimento: 96,6% dos nordestinos moram no Nordeste.

Quem vem ao Ceará

Se de um lado cearenses deixam a terra, do outro os espaços são ocupados por quem escolheu o estado como casa. Entre os imigrantes que passaram a morar no Ceará entre 2017 e 2022, a maioria (29%) é de paulistas.

Em seguida, aparecem os cariocas, equivalentes a 16,6% dos imigrantes que chegaram ao território cearense após 2017; e os pernambucanos, que respondem por 6% do total.

Além disso, retirando o recorte de tempo e olhando, de forma geral, para todos os residentes não-naturais do território cearense, os naturais de São Paulo também lideram.

Um a cada cinco (19,1%) moradores do Ceará que nasceram em outros locais do Brasil são de São Paulo.
Em segundo lugar, aparecem os pernambucanos, que representam 10,7% dos moradores não-naturais do Estado; e fechando o trio estão os piauienses, que respondem por 10,5% desse quantitativo.

O Censo expõe que o movimento de paulistas vindo morar no Nordeste acontece em todos os nove estados, com “percentuais mais expressivos na Bahia (27,3%), Pernambuco (20,8%) e Ceará (19,1%)”.

Para o IBGE, isso está “provavelmente associado à migração de naturais do Nordeste que residiram em São Paulo e retornam à sua terra natal acompanhados por familiares nascidos no estado paulista”.

O que diz o Censo 2022

O Censo Demográfico 2022 foi feito pelo IBGE naquele ano e divulga gradualmente os resultados referentes a cada temática investigada por meio de amostras – ou seja, entrevistas coletadas nas residências. A pesquisa revela informações sobre diversas áreas, como saúde, educação e dados populacionais.

Nesta sexta-feira (27), o instituto trouxe informações relativas à fecundidade e à migração, “cujas interações, aliadas às estatísticas sobre mortalidade, determinam o tamanho e a estrutura populacionais de uma determinada região”, frisa.

Em relação à migração, abordada nesta reportagem, o IBGE destaca que “constitui um insumo fundamental para a formulação de projeções populacionais, subsidiando não só análises demográficas de longo prazo, mas também os planejamentos territorial e socioeconômico”.

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