domingo, 18 de maio de 2025

Escândalo no INSS: governo perde guerra política e de comunicação e prepara força-tarefa para enfrentar CPI

O Governo Federal perdeu a briga nas áreas política e de comunicação sobre o escândalo do INSS e, pelo jeito, jogou a toalha na guerra para evitar a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar as fraudes contra os beneficiários da previdência social. Agora, o Governo vai preparar uma força-tarefa para enfrentar a CPI.

Os opositores deram um verdadeiro baile nas redes sociais para imputar ao Governo Lula a responsabilidade pelo maior escândalo da história da previdência social brasileira: o governo não soube se defender e a derrota dos governistas, como mostram os dados de uma pesquisa do Instituto Quaest, foi quantitativa e, também, narrativa.

Comunicação e articulação política

Os articuladores políticos e estrategistas de comunicação do Palácio do Planalto falharam logo após a operação da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União (CGU). O escândalo, marcado pelo desvio de R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas deixou atônitos os líderes e ministros do Governo Lula.

Assustados com os resultados da Operação Sem Desconto realizada pela Polícia Federal e pela Controladoria Geral da União os articuladores políticos do Governo Federal se perderam, na primeira semana da repercussão das fraudes, esperando um ‘gesto de grandeza’ do então Ministro da Previdência Social, Carlos Lupi.

O esperado ‘gesto de grandeza’ seria o próprio Lupi, naquele dia da Operação Sem Desconto, entregar o cargo. O pedetista optou, porém, por sentar à mesa com a PF e a CGU durante entrevista coletiva para se defender e, ao mesmo tempo, defender o então presidente do INSS, Alessandro Stefanuto, que acabara de ser defenestrado pelo presidente Lula.

Centro do furação e sinal vermelho

Lupi estava no centro do furacão do escândalo, não há provas que o comprometam como envolvimento nas fraudes, mas foi sob o seu comando que a bomba estourou, criou saia justa, gerou desgastes para a administração federal e deixou o governo em maus lençóis.

O então ministro da Previdência Social recebeu informações sobre o elevado número de denúncias de aposentados e pensionistas indignados com os descontos em seus benefícios, mas nada fez e, ao optar pelo silêncio e ignorar o alerta vermelho, deixou a porta aberta para o estouro da boiada. Após o escândalo estourar, o Palácio do Planalto viu sangrar, por uma semana, o seu ministro da Previdência Social e, sob pressão, Carlos Lupi entregou os pontos e deixou o Governo.

A troca de comando no INSS e na Previdência Social foi a saída que o Governo encontrou para vender, de forma mais rápida, uma imagem de que não haverá impunidade para os dirigentes das entidades envolvidas nas fraudes e que será feito o ressarcimento de aposentados e pensionistas roubados. Quanto à devolução desse dinheiro, não há data, nem valor definido.

Guerra da CPI está quase perdida

O Governo Federal tem outra frente de batalha que, pelo cenário político, começa perdida: o pedido de CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), com representantes da Câmara e do Senado, recebeu apoio, até a noite dessa quinta-feira (15), de 253 deputados federais e 39 senadores.

Os números são bem acima da quantidade mínima para um pedido de CPI – 171, na Câmara, e 27 no Senado. O requerimento para a ser CPI ser instalada e aprofundar as investigações do escândalo do INSS atraiu o apoio de parlamentares de quase todos os partidos com assento no Congresso Nacional.

Caberá ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, definir se instala ou não a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. O Governo perdeu a briga ao tentar convencer aliados a retirarem assinaturas do requerimento e barrar a investigação no Congresso Nacional. Agora, é brigar para, na composição da CPMI, garantir apoio para definir a pauta de depoimentos.

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