sábado, 3 de maio de 2025

Com chuvas 35% abaixo da média, Ceará tem pior abril em 8 anos; veja mapa e previsão para maio

As chuvas no Ceará em abril ficaram abaixo do esperado pelos cearenses: o acumulado dos 30 dias foi de 123,1 milímetros, resultado 35,5% abaixo da média histórica de 190,7 mm. Foi o pior balanço para o mês desde 2017, quando choveu 42,2% a menos que a normal meteorológica no Estado.

Os dados são da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), sujeitos a atualizações, e mostram um cenário bem distinto do ano passado: em 2024, abril teve acumulado de 224,8 mm, um desvio positivo de 17,9% (dentro da média).

Já considerando o primeiro trimestre da quadra chuvosa de 2025, correspondente aos meses de fevereiro a abril, as precipitações ficaram dentro da normalidade, como já havia apontado o prognóstico emitido pelo órgão estadual no início do ano.

A média esperada para o período é de 518,5 mm de chuvas em todo o Ceará, e foram contabilizados 453,6 mm – 12,5% a menos. A quantidade, porém, não é considerada “abaixo da média”, e sim “em torno da média”, pela escala da Funceme.

Eduardo Sávio Martins, presidente do órgão, informou que 57% da área do Estado tiveram chuvas abaixo da média no trimestre fevereiro-abril. Nos outros 36,2% do território, choveu dentro da normalidade; e o restante teve precipitações acima da média histórica.

As áreas com desvios positivos ficam na faixa litorânea e em parte do Maciço de Baturité. Outra região que teve bons acumulados foi a de Orós, o que, como observa Eduardo, “explica os significativos aportes, resultado no vertimento do açude” – que sangrou após 14 anos.

Previsão de chuvas em maio no Ceará

De todos os meses da quadra chuvosa, maio, o último, é o mais “seco” historicamente: chove, em média, 90,7 mm nos 31 dias. No ano passado, o acumulado ficou 19,6% abaixo disso, já que o Estado somou 72,9 mm em precipitações, conforme dados da Funceme.

Para este ano, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) estima que algumas áreas do Nordeste, incluindo o Sul do Ceará, devem ter volumes de chuva abaixo da média histórica em maio. Na previsão, o órgão acrescenta a probabilidade de precipitações acima da média “principalmente na costa do Ceará até a Bahia”.

Já conforme a Funceme, há maior probabilidade (50%) de que o Estado registre chuvas dentro da média histórica entre abril e junho. Há também chance de 25% para a categoria abaixo da normal, e 25% para a categoria acima da normal. 

Os modelos climatológicos apontam para uma “alta variabilidade temporal e espacial das chuvas entre os meses de abril e maio”, ou seja, “mesmo com a expectativa de chuvas dentro da média, os eventos pluviométricos podem ocorrer de forma irregular, tanto no tempo quanto na distribuição geográfica”, frisa o órgão.

Como ficam os açudes

Apesar da distribuição irregular das precipitações, com mais chuvas na porção norte e menos no centro-sul cearense, os açudes do Estado já tiveram um aporte de quase 5 bilhões de metros cúbicos em 2025, conforme dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).

“Somando com o que já tínhamos armazenados, estamos com 10,2 bilhões de m³, 55% da capacidade total de armazenamento do Estado”, reforça o secretário executivo da Secretaria de Recursos Hídricos do Estado (SRH), Ramon Rodrigues.

O gestor aponta que das 12 bacias hidrográficas (grupos de açudes), há “oito em situação muito confortável, acima de 70% do volume; uma confortável, com 50 a 70%; duas em alerta, entre 30 e 50%” da capacidade; e uma crítica, abaixo de 30%, que a dos Sertões de Crateús”.

Uma das bacias “em alerta” é do Médio Jaguaribe, onde fica o Castanhão, maior açude do Ceará.

Ramon frisa, porém, que ela é a bacia com maior volume absoluto de água. O Castanhão, localizado no município de Alto Santo, possui, em 2 de maio, 30% do volume preenchidos. “Estamos numa situação bem razoável nos principais reservatórios que dão sustentabilidade ao abastecimento das populações”, reforça.

O gestor destaca ainda a situação “muito confortável” da bacia Metropolitana, que possui 93% da capacidade cheios, “volume que nos garante abastecimento por dois anos ou mais sem precisar trazer água de outras regiões”. 

“No entanto, na Região Metropolitana se concentra a maior parte da população do Estado, e devemos lembrar de que a gente vive numa região semiárida. Água é um bem escasso e precioso, então é preciso usar de forma racional, buscando sempre economizar”, recomenda Ramon.

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