quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Acuado, Bolsonaro parte para o ataque e diz que CPI é uma “palhaçada” que prejudica a economia


O presidente Jair Bolsonaro considera que os crimes contra a humanidade e os demais crimes pelos quais foi formalmente acusado na noite de terça-feira pela CPI do Senado não são um problema pessoal, mas de todos os brasileiros. Para o militar aposentado, a investigação parlamentar “é uma palhaçada”, como declarou nesta quarta-feira. Bolsonaro acusou senadores de afastar investidores e turistas, além de causar estragos na economia. Fiel ao seu estilo, para o presidente não há melhor defesa do que um bom ataque. 

O relatório de quase 1.300 páginas que acusa o presidente de nove crimes, seis deles comuns, começou sua jornada em direção aos tribunais. Os senadores, que ontem à noite aprovaram o relatório final por sete a quatro votos, o entregaram ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que inicialmente terá 30 dias para analisá-lo. “Graças ao trabalho da CPI temos várias investigações em curso”, declarou Aras ao receber o documento. “A chegada do material referente às autoridades com prerrogativa de foro certamente contribuirá para que (...) possamos dar a agilidade necessária para a apuração dos fatos.” Os senadores também levaram o relatório para o ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado é o relator do inquérito das fake news e avalia um pedido da comissão para incluir na investigação o caso da notícia falsa divulgada pelo presidente Jair Bolsonaro associando a vacina da covid-19 à ocorrência de aids. O mesmo documento, que pede 80 indiciamentos de pessoas e empresas, será enviado ao Ministério Público nos Estados. 

Questionado em uma entrevista sobre a CPI da Pandemia, Bolsonaro respondeu assim: “O que a comissão faz? As pessoas não acreditam, mas causa estragos. Lá fora, a imagem do Brasil é péssima (...) Acham que eu matei gente na covid“. A investigação parlamentar aponta que 120.000 mortes poderiam ter sido evitadas com uma estratégia racional apoiada pela ciência. Capitão do exército na reserva, Bolsonaro se considera vítima de um ataque na qualidade de “general de vanguarda”. 

Seu principal adversário político, o ex-presidente Lula, permaneceu calado. Mas Bolsonaro recebeu o apoio do ex-presidente Donald Trump ainda na noite de terça. “O Brasil tem sorte de ter um homem como Jair Bolsonaro trabalhando para eles. Ele é um grande presidente e nunca decepcionará o povo de seu país”, escreveu minutos após a votação (após dez horas de debate no Senado). Era uma mensagem antiquada, via e-mail, porque as contas nas redes do americano estão suspensas.

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