sábado, 23 de maio de 2020

Casos de Covid-19 no interior do Ceará disparam e preocupam rede hospitalar

O novo coronavírus que até pouco tempo tinha concentração majoritária na Capital e Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) se espalhou pelo interior do Estado e, diante da rápida multiplicação dos casos, tornou-se uma preocupação. O temor é que ocorra um estrangulamento do sistema de saúde. Até ontem, o interior já contava com mais de 5.700 casos da Covid-19. A taxa de pessoas infectadas fora da RMF já supera a marca dos 23%. O número ameaça a capacidade atual dos leitos e põe em risco a operacionalidade dos hospitais-polos, próximos de atingir a ocupação máxima das UTIs. "O Governo do Estado tem procurado ampliar cada vez mais a rede de atendimento", pontuou Camilo Santana (PT).

E isso tem acontecido. O número de leitos cresceu nos três hospitais regionais e municípios que nunca tiveram Unidade de Terapia Intensiva passaram a contar nos seus hospitais polo. Mas, apesar do reforço, diante do crescente no número de contaminados, o quantitativo de leitos pode não ser suficiente.

Rápida multiplicação

Há duas semanas, Sobral registrava 380 pessoas com a doença. Ontem (22), conforme o boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado, este número mais que dobrou, chegando a 851 - maior índice do interior. Em Quixadá, no Sertão Central, a situação ficou ainda pior: até o último dia 8 eram 91 casos, enquanto que agora, são 413 casos conforme Secretaria Municipal. São cidades que viram os casos duplicarem e quadruplicarem, respectivamente, mas que a abertura de leitos não acompanhou essa mesma velocidade.

A presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), Sayonara Moura Cidade, define a situação, mesmo com a ampliação de leitos, "ainda muito preocupante". Como o interior não tem a mesma estrutura hospitalar que a Região Metropolitana de Fortaleza, ela acredita que a doença só será contida se houver mais controle na atenção primária. "Estar mais próximos de pacientes com alguma comorbidade", detalha. "Se não trabalhar bem, pode ter uma situação descontrolada, sem leitos para todo mundo, mesmo que habilite a quantidade estipulada pelo plano de contingência".

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