sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Com maior número de casos de coronavírus suspeitos no NE, Ceará atualiza Plano de Contingência

O número de casos suspeitos de coronavírus (COVID-19) em investigação no Ceará chegou a cinco, até a tarde de ontem, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) e o Ministério da Saúde. Com isso, o Ceará é o Estado do Nordeste com maior número de casos em análise. Rio Grande do Norte (4), Pernambuco (3), Paraíba (1), Alagoas (1) e Bahia (1) também têm ocorrências em investigação. No Brasil, 132 suspeitas são analisadas.

A Sesa já estimava que as notificações iriam crescer no Ceará. Tendo em vista o aumento das suspeitas de infecção, o Plano Estadual de Contingência adotado no Ceará terá atualizações. Dentre elas, a expansão das unidades aptas a receberem os casos suspeitos de contaminação, assim como as possíveis internações.

As informações sobre o aumento dos casos em investigação constam no Boletim Epidemiológico da Sesa, divulgado na tarde de ontem. As possíveis infecções são de quatro pessoas de Fortaleza e uma de Crateús. Dentre elas, há o caso do médico de 35 anos, divulgado quarta-feira (26). Nenhuma dessas pessoas está internada atualmente. Em todas as situações, os suspeitos tiveram histórico de deslocamento internacional para locais com transmissão da doença, conforme a Secretaria da Saúde. Mas os países visitados por estas pessoas, apesar dos questionamentos, não foram divulgados pela Pasta.

Procedimentos

Os casos estão em análise no Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen), em Fortaleza, conforme padrão estabelecido no Estado. Os exames devem apontar se estes pacientes estão com alguma doença que já circula no Ceará, como algum tipo influenza. Caso essa possibilidade seja descartada, as amostras devem ser enviadas para um dos Centros Nacionais de Influenza, são eles: a Fiocruz (Rio de Janeiro), o Instituto Evandro Chagas (Pará), ou Instituto Adolfo Lutz (São Paulo) para confirmar ou descartar a infecção por coronavírus.

Antes do aumento do número de notificações, a orientação da Sesa é que pessoas que tenham vindo de países com transmissão da doença e apresentem febre e algum sintoma gripal, em até 14 dias, se estiverem em Fortaleza e na Região Metropolitana, se dirigissem ao Hospital São José. Com a atualização do Plano de Contingência, essa decisão deve mudar e haverá ampliação das unidades que passarão a receber os casos suspeitos.

Para isso, todas equipes da rede estadual devem ser treinadas para lidar com o material adequado e orientar os pacientes. O Plano de Contingência formulado pela Sesa sob orientação do Ministério da Saúde, dentre outras coisas, estabelece: como deve ser feita a vigilância epidemiológica, as notificações, a coleta para exames laboratoriais, o monitoramento nos portos e aeroportos, bem como quais os critérios que definem as características dos casos suspeitos.

Na rede particular, todas os hospitais, conforme a Sesa, estão preparados para o atendimento dos possíveis casos suspeitos. Para moradores das demais regiões do Estado, as unidades públicas de referência são: Hospital Regional Norte (Sobral), Hospital Regional do Sertão Central (Quixeramobim) e Hospital Regional do Cariri (Juazeiro do Norte).

A Pasta não informou em qual unidade de saúde a pessoa de Crateús com suspeita de coronavírus foi atendida. Em nota, a Prefeitura do município disse que o caso foi notificado quarta-feira (26) e as equipes da vigilância epidemiológica foram até a casa da pessoa, após solicitação da mesma. Ela está em isolamento domiciliar.

Com a atualização dos protocolos, é possível que as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em todo o Estado também passem a receber pessoas com suspeita da infecção. Além do aumento dos equipamentos, a atualização dos protocolos técnicos também deve renovar as orientações de manejo dos pacientes, inclusive com orientação dos equipamentos a serem utilizados pelos profissionais.

Orientação

A Sesa reforça que a melhor maneira de prevenir a infecção é evitar a exposição ao vírus e adotar hábitos simples como lavar as mãos frequentemente com água e sabão, evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas, cobrir com um lenço de papel a boca e nariz ao tossir ou espirrar, e limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.

O infectologista Danilo Campos explica que ainda é necessário entender melhor como o vírus se propaga em climas diferentes e a forma que se manifesta na população. "Em teoria, esses vírus têm maior dificuldade de propagação em ambientes quentes, mas isso é só uma possibilidade, não há garantias que o nosso clima seria protetor", esclarece.

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