quinta-feira, 27 de junho de 2019

Pacientes enfrentam dificuldades para encontrar soro antiofídico no interior do Ceará

Em um intervalo de apenas cinco dias, três pessoas morreram após terem sido picadas por cobras no Ceará. Além desses óbitos, 464 pessoas foram vítimas de serpentes até maio deste ano no Estado, conforme levantamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Para além dos números, o temor da população é devido à dificuldade de encontrar soro antiofídico. E foi justamente a ausência da substância utilizada para combater o veneno das serpentes que levou a óbito essas pessoas.

Delas, dois agricultores, um de Jaguaruana e o outro de Santa Quitéria, morreram após serem intoxicados pelo veneno desses répteis peçonhentos. Não havia soro antiofídico nos hospitais públicos dos dois municípios. Por isso, o paciente de Jaguaruana foi transferido para o Hospital Regional de Russas e o morador de Santa Quitéria para o Hospital Regional Norte, em Sobral. Ambos morreram dias depois.

A Sesa confirmou apenas este último óbito. A primeira morte, conforme a Pasta, não pôde ser relacionada à picada de cobra.

Soro

Embora os hospitais tenham confirmado a ausência dos soros antibotrópico e antiofídico, usados em casos de picada de cobras venenosas, a Sesa garantiu que o estoque no Ceará está regular. O repasse, ainda conforme a Secretaria, é feito mensalmente pelo Ministério da Saúde e distribuído semanalmente para as Coordenadorias Regionais de Saúde (Cres). No entanto, é liberado somente para os hospitais de referência. O antídoto é fornecido apenas para os hospitais-polo em razão da quantidade restrita de ampolas enviadas pelo Ministério. A reposição ocorre conforme a demanda de cada uma das cinco macrorregiões de saúde: Fortaleza, Sobral, Sertão Central, Litoral Leste/Jaguaribe e Cariri. Elas integram os 184 municípios cearenses.

Para a Sesa, essa logística objetiva a otimização dos imunobiológicos e evita o desabastecimento. Todavia, gestores de hospitais municipais criticam a estratégia da Secretaria Estadual. O diretor do Hospital Municipal de Santa Quitéria, Diego Timbó, cita como exemplo o seu Município. Há localidades distantes até 80 km da sede. Os pacientes correm contra o tempo e contra a morte. "O medicamento pode salvar vidas, mas é mantido apenas em hospitais-polo", reclama.

"Estou elaborando um relatório e vou encaminhar à Sesa. É necessário rever essa política de distribuição do soro. Somos o maior Município em extensão territorial do Ceará, mas com certeza outros enfrentam o mesmo problema", critica Timbó.

Diário do Nordeste

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