segunda-feira, 15 de abril de 2019

Violência no trânsito afeta permanentemente a vida de mais de 18 mil pessoas no Ceará

Mais de 18 mil vítimas do trânsito cearense ficaram com sequelas permanentes no ano passado. O número corresponde a 79,12% dos pedidos de indenização recebidos (22.864) pela Líder, que administra o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (Dpvat). Numa comparação simples, equivale à estimativa de quase toda a população residente em Reriutaba (18.945) — município do Noroeste do Estado — em 2018.

Contudo, embora o dado puxe o Ceará para o topo do ranking dos estados do Nordeste com mais indenizações pagas pelo Dpvat, a situação regional já foi excessivamente pior. Há cinco anos, em 2014, 74.741 ressarcimentos foram pagos, também, por invalidez permanente.

Brusca, a queda de 75,7% no número de indenizações provocadas por essa motivação não tem uma só justificativa. Arthur Froes, superintendente de Operações da Líder, atribui, por exemplo, ao endurecimento da legislação de trânsito no que diz respeito ao aumento da quantidade de radares eletrônicos de velocidade instalados no Brasil e à obrigatoriedade de equipamentos e dispositivos de segurança como capacete, airbag (bolsa inflável que reduz o impacto de uma colisão) e freios ABS. Não descartou a influência da recessão econômica.

Arthur comentou, também, que as sequelas mais comuns informadas pelos solicitantes do seguro são lesões nos membros inferiores e superiores e traumatismos cranioencefálicos. "A maioria (das ocorrências graves) atinge as pernas, que é o primeiro ponto de impacto quando um motociclista cai, quando um pedestre é atingido ou quando se está sentado no carro".

Renato Campestrini, gerente técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária, lembra, ainda, que, desde 2014, a Lei Seca tornou a fiscalização mais intolerante e a penalidade mais cara para quem dirige tendo consumido qualquer quantidade de álcool. Mesmo assim, o especialista ressaltou que ocorrências de trânsito geram no País um impacto financeiro negativo de pelo menos R$ 52 bilhões ao ano. Além de que "pessoas sequeladas têm condições de vida alteradas" e algumas vão precisar, também, de recursos da Previdência.

Junto às mudanças de comportamento provocadas pela lei e na contramão do crescimento da frota de veículos no Ceará, as ocorrências de trânsito, de fato, caíram 28% entre 2014 e 2018, saindo de 3.523 ocorrências para 2.571, segundo estatísticas da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) compiladas pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE). Relativas a mortos e feridos, as quedas foram, respectivamente, de 36% e 24%.

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