quinta-feira, 1 de novembro de 2018

No Ceará, a questão hídrica exige pressa por solução

A preocupação com o possível agravamento da questão hídrica, em decorrência de uma eventual eclosão do fenômeno El Niño (ainda não totalmente confirmada, mas, se adensando no horizonte da previsibilidade) mobiliza o governo estadual para pôr em andamento o projeto da usina de dessalinização da água do mar para suplementar o abastecimento de Fortaleza e faz crescer as pressões sobre o Governo Federal para que conclua as obras da Transposição do Rio São Francisco, o quanto antes.

Um sétimo ano consecutivo de seca é um pesadelo que todo nordestino – sobretudo o cearense – quer exorcizar de todas as maneiras, face o acúmulo de sofrimento físico e mental, penúria e desestruturação econômica e social registrado nos últimos seis anos. E tudo poderia ser bem mitigado se as obras da Transposição do Rio São Francisco fossem concluídas, no Ceará. São apenas 4% restantes do Eixo Norte, que tem 96% das obras já finalizados.

Não se nadou tanto, para morrer na praia. Esse emperramento não tem justificativa, sob qualquer ângulo: sobretudo ante a possibilidade de uma nova seca. Os poderes centrais precisam ter noção do que significa para a população esse descompasso.

Cabe ao Governo Estadual mobilizar o conjunto da sociedade para exigir a solução do impasse. Convoque-se a bancada federal multipartidária para que atue, antes de tudo, como representante do povo cearense. Essa é uma causa que está acima das fronteiras partidárias. O governador Camilo Santana, por sua parte, faz bem em anunciar iniciativas destinadas a fortalecer o esquema de abastecimento da população de Fortaleza para o caso de uma situação crítica. Acaba de pedir ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) um esforço para acelerar a apreciação do edital da primeira usina de dessalinização da Região Metropolitana de Fortaleza, com vistas à sua licitação. O prazo formal é de 60 dias, mas poderia ser menor se houver um esforço para isso, a fim de dar maior segurança hídrica à Capital, no caso de uma emergência.

Aproveitar a água do mar, dessalinizando-a, é uma tecnologia já bastante desenvolvida por alguns países. No Brasil, não é inédita: basta ver o exemplo do arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco, onde usinas de pequeno porte já respondem por 40% do abastecimento de água. A de Fortaleza será a maior do País. O investimento previsto é da ordem de R$ 600 milhões. Seu custo operacional é alto – em torno de US$ 1 por metro cúbico de água – mas permite aumentar em 12% a oferta da matriz hídrica do Estado, numa situação emergencial, beneficiando aproximadamente 720 mil pessoas, o equivalente a 27% da população da Capital. Por isso deve ser encorajada.

O POVO

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