quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Carta branca para atirar põe todos em risco

Um dos motes da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) e de outras candidaturas que tentam surfar na onda de medo é a defesa do direito dos policiais de atirarem primeiro e perguntarem depois. Creio que ninguém imagine que o profissional de segurança deva esperar o criminoso atirar e colocar a vida em risco antes de reagir. Se houver percepção do perigo, ele precisa se defender, sim, e jamais pode ser punido por isso. Ponto. Muito diferente disso é permitir que se atire em qualquer situação. Dizer que nenhuma morte provocada por profissional de segurança em serviço precisará ser investigada. Trata-se de servidor público, em área que lida com a vida. Como qualquer um nessa situação, deve ser avaliado, cobrado e prestar contas. Simples assim.

A ideia de aval para atirar é um perigo para qualquer pessoa. Na noite de terça-feira, 28, policiais mataram um colega, cabo da Polícia Militar, que foi pedir socorro após reagir a assalto. Ao verem o homem armado em direção à viatura, os policiais acharam se tratar de criminoso e atiraram contra ele. Foi quando descobriram ser um colega.

Não é o único caso. Em 11 de junho, a universitária Giselle Távora Araújo foi morta por policiais, na avenida Washington Soares. Ela estava com a filha no carro que, segundo a Polícia, teria sido confundido com veículo roubado. Os responsáveis pela abordagem afirmaram que a intenção seria atirar no pneu. Acertaram as costas da motorista.

No começo deste mês, o jogador de sinuca José Messias Guedes Oliveira, de 35 anos, foi morto em abordagem policial. Novamente, o carro seria suspeito e os agentes de segurança teriam disparado no pneu. Porém, acabaram acertando Oliveira. Foram feitas buscas no veículo, mas não foram achadas armas.

Será que o problema da segurança é mesmo falta de permissão para os policiais atirarem? Sério mesmo que teremos um País mais seguro?

O POVO

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