terça-feira, 26 de setembro de 2017

Palocci deixa o PT e diz que Lula sucumbiu 'ao pior da política'

Ex-ministro Antonio Palocci, que pediu desfiliação do PT
O ex-ministro Antonio Palocci enviou nesta terça-feira (26) uma carta à presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), pedindo sua desfiliação do partido. No documento, Palocci reafirma as declarações feitas ao juiz Sergio Moro, segundo as quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fizera um "pacto de sangue" com a empreiteira Odebrecht.

Na carta, Palocci diz ter visto com estranheza o fato de o PT ter aberto um procedimento interno após sua decisão de buscar um acordo de delação, mas não ter feito o mesmo para apurar as razões pelas quais estava detido pela Operação Lava Jato.

No texto, Palocci diz que tentou trabalhar pelo partido e por Lula, sabendo que seria difícil não cometer "desvios éticos".

"Sei dos erros e ilegalidades que cometi. E assumo minhas responsabilidades. Mas não posso deixar de destacar o choque de ter visto Lula sucumbir ao pior da política no melhor dos momentos de seu governo", escreveu o ex-ministro.

Na carta, Palocci diz ainda ter discutido com Lula e o ex-presidente do PT Rui Falcão a possibilidade de celebração de um acordo de leniência em favor do PT. Ele afirma ainda que um dia a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente da Petrobras vão admitir a "perplexidade que tomou conta de nós após a fatídica reunião no Palácio do Alvorada, onde Lula encomendou as sondas e as propinas no mesmo tom, sem cerimônias".

Ex-ministro diz ter proposto a Lula e a Falcão que colaborassem com a Justiça e se dedicassem à reforma política.

"Tive oportunidade de expressar essa opinião informal a Lula e a Rui Falcão, então presidente do PT, que naquela oportunidade, transmitia uma proposta apresentada por João Vaccari para que o PT buscasse um processo de leniência na Lava Jato".

Palocci encerra a carta afirmando que aceitaria qualquer penalidade do partido. "Mas ressalto que não posso fazê-lo neste momento e neste formato proposto pelo partido, onde quem fala a verdade é punido e os erros e ilegalidades são varridos para debaixo do tapete".

Ao reafirmar as acusações, Palocci escreveu que são "fatos absolutamente verdadeiros".

"São situações que presenciei, acompanhei ou coordenei, normalmente junto ou a pedido do ex-presidente Lula. Tenho certeza que, cedo ou tarde, o próprio Lula irá confirmar tudo isso, como chegou a fazer no "mensalão", quando, numa importante entrevista concedida na França, esclareceu que as eleições do Brasil eram todas realizadas sob a égide do caixa dois, e que era assim com todos os partidos".

Folha de S.Paulo

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