sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Declaração de Aécio contra Cunha desgasta relação entre PSDB e PMDB

A afirmação do presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, de que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não terá condições de comandar a Câmara dos Deputados caso vire réu no processo da Lava Jato causou insatisfação nesta sexta-feira (28) e desgastou a relação entre tucanos e peemedebistas.

Deputados dessas duas legendas, que dão sustentação política a Cunha, disseram ter sido pegos de surpresa com a declaração de Aécio, dada em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, do programa "SBT Brasil". O próprio Cunha, que está em viagem a Nova York, manifestou grande descontentamento a tucanos mais próximos, entre eles o líder da bancada tucana na Câmara, Carlos Sampaio (SP). Ele recebeu desses deputados a garantia de que Aécio iria a público amenizar o tom da declaração.

A assessoria do presidente do PSDB chegou a anunciar uma entrevistas coletiva de Aécio para a tarde desta sexta-feira, ocasião em que ele falaria da recessão da economia e de "outros assuntos", mas a fala foi cancelada.

Ao "SBT Brasil", Aécio afirmou que com eventual decisão do Supremo Tribunal Federal de aceitar a denúncia do Ministério Público contra Cunha "fica muito difícil a permanência" do deputado na presidência da Câmara.

"A aceitação da denúncia por parte do Supremo [Tribunal Federal] tira as condições, acredito eu, mínimas de condução da Câmara dos Deputados."

Cunha é acusado pela Procuradoria-Geral da República de ser destinatário de US$ 5 milhões desviados dos cofres da Petrobras. Caso o plenário do STF decida aceitar a denúncia, é aberto o processo contra o peemedebista e ele vira réu.

Integrantes de partidos de esquerda com o PSOL e o PT pedem o afastamento de Cunha desde já, mas nos bastidores o presidente da Câmara ainda conta com sólido apoio, incluindo o dos principais líderes da bancada de deputados tucana.

Aécio, porém, já havia manifestado em reunião a portas fechadas com senadores de oposição na terça (25) que era preciso adotar um discurso mais coerente em relação às suspeitas de corrupção no país.

O PSDB pede a saída de Dilma Rousseff, entre outras coisas, devido ao escândalo da Lava Jato. Mas vem adotando uma posição bem mais leniente em relação a Cunha, com apoio massivo a ele, nos bastidores, por parte dos deputados do partido.

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