quinta-feira, 9 de outubro de 2025

PF faz 66 ações de busca, e sindicato ligado a irmão de Lula é um dos alvos

A Polícia Federal realiza hoje uma nova fase da operação Sem Desconto contra fraudes do INSS. São cumpridos 66 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo ministro do STF André Mendonça.

Um dos alvos de busca e apreensão é o sindicato ligado ao irmão do presidente Lula (PT). José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, é o vice-presidente do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), porém ele não é alvo da PF.

"Absurdas as buscas, estou sabendo por vocês. Deixa investigar", disse Frei Chico ao UOL. "Sem comentários. Se a polícia quiser vir aqui investigar, não tenho nada o que comentar", completou, em rápido contato telefônico com a reportagem nesta manhã.

Por volta das 9h, agentes da PF deixaram o Sindnapi com dois malotes. Dois veículos da Polícia Federal estavam na entrada do prédio do sindicato na manhã de hoje. Agentes informaram à reportagem que haviam chegado ao local às 6h para executar os mandados de busca e apreensão. Foram vistos oito agentes da PF e dois da CGU.

Os agentes também levaram várias caixas com documentos. Segundo Donato Rodrigues, diretor-executivo do Sindnapi, não foram apreendidos nem computadores nem celulares. Duas diretoras do sindicato, que também são advogadas, acompanharam as buscas. O Sindnapi está fechado para atendimento hoje. No mesmo prédio funciona uma cooperativa do sindicato, ligada ao Sicoob, que também não abrirá nesta quinta-feira.

Diretor culpa CPMI por operação

"Nos jogaram na vala comum", reclamou diretor-executivo ao UOL. "Nós temos serviços prestados, representação em todos os estados, temos uma história na assistência aos aposentados. Não separaram gente séria de picaretas", afirmou Donato Rodrigues ao negar que o Sindnapi tenha cometido irregularidades.

"Bloquearam nosso ganha-pão", afirmou o diretor. Ele disse que os descontos em aposentadorias eram a principal fonte de renda da entidade. Desde que o INSS suspendeu os abatimentos na folha salarial, o sindicato vive uma "pane financeira", segundo Rodrigues.

Cúpula do sindicato já esperava operação. A direção do Sindnapi avaliava que seria alvo da Polícia Federal após o presidente da entidade, Milton Cavalo, ser convocado pela CPMI do INSS. O depoimento dele à comissão está marcado para hoje.

Para Rodrigues, a CPMI quer "atacar" o presidente Lula através de Frei Chico. "É público e notório que eles já disseram que querem levar o Frei Chico lá (para prestar depoimento na CPMI)". Ele afirmou que a entidade está "tranquila" por ter como comprovar as assinaturas dos associados autorizando os descontos, mas vê uma politização da comissão que pode prejudicar a entidade.

Operação aconteceu também em outras regiões do país

Mandados ocorrem em sete estados e mais o Distrito Federal. Os estados são: São Paulo, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco e Bahia.

Alvos são associações e pessoas físicas, ampliando o escopo da investigação em relação às fases anteriores. A operação conta com o apoio da CGU (Controladoria-Geral da União). Não foram divulgados nomes.

Mendonça determinou o sequestro de quase R$ 400 milhões dos investigados. A operação tem o objetivo de aprofundar investigações e apurar a prática de crimes como inserção de dados falsos em sistemas oficiais. Segundo a PF, a ação também busca investigar uma suposta constituição de organização criminosa e atos de ocultação e dilapidação patrimonial.

Relembre o início da operação

Operação teve início em abril com afastamento do presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), Alessandro Stefanutto. A ação tinha como objetivo apurar a cobrança irregular de R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024 — ação que começou e seguiu por toda a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) e seguiu até o governo atual, do presidente Lula (PT).

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Operação Sem Desconto mira golpes contra aposentados e pensionistas. Os agentes miram no combate ao esquema nacional de descontos não autorizados em benefícios concedidos pelo INSS.

Servidores públicos estavam entre os suspeitos de participação no esquema no início das investigações. Ao todo, seis servidores foram afastados em abril. Além de Stefanutto, também foram afastados o diretor de benefícios e relacionamento com o cidadão do INSS, o chefe da procuradoria federal especializada do INSS, o coordenador-geral de suporte ao atendimento ao cliente do INSS, o coordenador-geral de pagamentos e benefícios do INSS e um policial federal.

O que diz o sindicato

Em nota, o Sindnapi afirmou estar surpreso com a operação em sua sede em São Paulo e nas casas do presidente e de alguns diretores da entidade. "Esclareça-se que os advogados não tiveram acesso ao inquérito policial, ao conteúdo das razões da representação policial ou dos fundamentos da decisão que autorizou a deflagração da medida cautelar."

O sindicato diz ainda que 'reitera seu absoluto repúdio' às alegações de que realizou descontos indevidos de aposentados. "O Sindnapi comprovará a lisura e legalidade de sua atuação, sempre em prol de seus associados, garantindo-lhes a dignidade e respeito que são devidos."

Uol

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