quarta-feira, 21 de maio de 2025

PM preso por morte de empresário em Fortaleza é investigado por matar servidora pública no Eusébio

Um policial militar preso por suspeita de participar do assassinato do empresário Vinícius Cunha Batista, de 47 anos, no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza, também é investigado pelo homicídio da servidora pública da Prefeitura do Eusébio, Maria Madalena Marques Matsunobu, de 64 anos.

Os dois crimes tiveram 25 dias de diferença: a mulher foi morta no dia 5 de abril deste ano, no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e o homem, no dia 30 de abril, na Capital.

A reportagem confirmou, com fonte da Polícia Civil do Ceará (PCCE), que o cabo da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Rodrigo Aguiar Braga é suspeito de participar dos dois homicídios. O militar está preso desde o dia 9 de maio último, em razão de um mandado de prisão relacionado à morte de Vinícius Batista.

Procurado para comentar a investigação, o advogado Kaio Castro, que representa a defesa de Rodrigo Braga, afirma que "a defesa não recebeu qualquer intimação ou acesso ao referido inquérito policial. Aguardamos em breve o acesso ao aludido procedimento para posterior análise".

A investigação do assassinato de Maria Madalena Matsunobu é tratada como sigilosa pela Polícia Civil. A Delegacia Metropolitana de Eusébio avança nas apurações para chegar ao mandante e à motivação do crime.

Um familiar de Maria Madalena, que preferiu não ser identificado, ficou surpreso com a informação de que um policial militar é investigado por participar do crime. "Quem deveria proteger ela foi, inacreditavelmente, quem tirou a vida dela", lamentou.

Como Maria Madalena foi morta?

Uma idosa de 64 anos teve a casa invadida e foi assassinada a tiros, enquanto dormia, na madrugada de 5 de abril último, no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza.

Maria Madalena Marques Matsunobu era funcionária da Secretaria da Cultura do Eusébio e presidente da Associação de Artesãos do Eusébio (Aarte). Ela morava sozinha, na Rua das Rosas, bairro Urucunema.

A reportagem apurou que a ação criminosa foi silenciosa: o criminoso arrombou a porta da casa, foi até o quarto da idosa e efetuou os disparos para matá-la. Depois, ele fugiu.

Na manhã seguinte, familiares e amigos estranharam a falta de comunicação de Maria Madalena e foram até a residência. O portão estava aberto, com sinais de arrombamento, e a mulher já estava morta, na cama onde dormia.

Como Vinícius Batista foi assassinado?

Dono de uma rádio no Interior, o empresário Vinícius Cunha Batista saía de uma padaria quando foi abordado por criminosos, na manhã do dia 30 de abril deste ano. O crime aconteceu na Rua Professor Juca Fontenelle, no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza. No local, foram encontradas munições calibre 380.

No dia 9 de maio, o governador Elmano de Freitas anunciou que três policiais militares foram presos por suspeita de participarem do crime. "Ao mesmo tempo em que lamento que agentes públicos se envolvam em práticas criminosas, enalteço o trabalho da nossa polícia séria e comprometida, a imensa maioria, para combater a bandidagem", disse o governador.

Ainda em mensagem, Elmano falou sobre punir quem for necessário em prol da segurança do Estado. "Não deixaremos crimes impunes e prenderemos quem quer que seja, um a um, para garantir mais segurança e justiça para nossa população".

A reportagem apurou que os PMs presos foram os soldados Rebeca Júlia de Almeida Canuto e Wellington Xavier de Farias e o cabo Rodrigo Aguiar Braga.

O soldado Wellington Farias responde criminalmente por um duplo homicídio e tortura, com desaparecimento de vítima, enquanto o cabo Rodrigo Aguiar tem antecedentes criminais por tentativa de homicídio e participação no motim de PMs, no ano de 2020.

A defesa dos agentes, representada pelo advogado Kaio Castro, disse à época da prisão que aguardava "a liberação do acesso ao incidente processual cautelar, bem como ao inquérito policial, para exercer o contraditório e a ampla defesa. Manifestar-se-á em momento oportuno, quando for retirado o sigilo".

Outro crime

Na ficha do cabo Rodrigo Aguiar Braga consta uma tentativa de homicídio ocorrida em Fortaleza, na mesma região na qual o empresário foi assassinado. De acordo com a investigação, no ano de 2020, Rodrigo foi contratado pelo ex-chefe da vítima para cometer o homicídio.

A vítima, de identidade preservada, estava em uma oficina, quando dois homens armados desembarcaram de um carro e atiraram. O sobrevivente reconheceu o PM Aguiar como um dos autores do disparo. O processo segue em andamento.

Ainda no ano de 2020, segundo a acusação, Rodrigo foi fotografado, fardado, no 18º BPM, no bairro Antônio Bezerra, participando do motim.

Já a soldado Rebeca Almeida chegou a ser investigada no ano passado por um extravio de arma de fogo e munições de um militar, na Caucaia. Recentemente, a Justiça Militar decretou extinta a punibilidade neste caso.

DN

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